Casas e ruas são tomadas pela lama após temporal em Londrina
Equipes da prefeitura e moradores trabalham desde cedo na limpeza de ruas e residências atingidas pela forte chuva que caiu na tarde de segunda-feira
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 30 de março de 2021
Equipes da prefeitura e moradores trabalham desde cedo na limpeza de ruas e residências atingidas pela forte chuva que caiu na tarde de segunda-feira
Micaela Orikasa - Grupo Folha
A chuva que caiu em Londrina na segunda-feira (29) foi a mais volumosa em 24 horas, no mês de março, dos últimos 45 anos. Ou seja, desde 1976 a cidade não registrava um volume tão alto de chuva em um único dia neste período do ano. Os dados são do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater), que registrou 138,4 mm em pouco mais de 4 horas de tempestade em Londrina. A agrometeorologista Heverly Morais comenta que a precipitação ultrapassou o esperado para o mês todo, de 137,6 mm. “Isso aconteceu por uma coincidência de sistemas, com uma frente fria atuando junto com um corredor de umidade da Amazônia e o aquecimento e umidade local”.
Quem sentiu o "peso" dessa tempestade foram os moradores e comerciantes de áreas alagadas. Na zona sul, com o transbordamento do Lago Igapó 2, na região do Aterro, a água atingiu o quintal de algumas residências até a altura dos joelhos.
Alguns moradores da rua Joaquim de Matos Barreto faziam a remoção da lama nesta terça (30) de manhã e muitos estavam nervosos e não quiseram falar com a reportagem. Um pedreiro que atua em uma obra comercial comentou que o container onde ficam armazenadas as ferramentas e materiais foi danificado pela chuva. “Perdemos uns sete sacos de cimento e o banheiro químico foi para o chão. Chegamos para trabalhar umas 7h30 e o que a gente viu foi só lama”, disse.
O comerciante Roberto Crispim estava em sua loja de conveniência durante a forte chuva. “Acredito que não tem muito o que ser feito. Casa um faz o que pode para proteger seus bens. O problema é que a água não tem para onde ir”, afirmou.
Crispim acredita que as obras na rua Faria Lima são a explicação para a rua e os quintais terem amanhecido com lama. “Além disso tem o fato de o lago estar assoreado. Qualquer chuva forte que cai na cidade o lago transborda e a bagunça sempre fica”, comentou.
QUEBROU A PAREDE
Também na zona sul, na rua Cristina Marucci, no jardim Santa Joana, Edmilson Barbosa da Silva teve que quebrar parte da parede da casa para escoar a água. Ele tem 73 anos e mora sozinho. “Choveu tanto que o barro veio escorrendo lá de cima e foi parando tudo aqui em frente de casa. A água invadiu tudo e tive que fazer alguma coisa para ela sair. Perdi mantimentos, roupa e a cama ainda está molhada”, lamentou. Quem puder colaborar com doações pode ligar para 98419-1668 ou 99981-4859.
ÁRVORES
Nesta manhã, a Compdec (Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil) havia registrado 13 ocorrências em decorrência da chuva. Foram sete registros de pontos de alagamentos, uma queda de muro, uma solicitação de vistoria no Jardim Bandeirantes (zona oeste) e quatro quedas de árvores.
Uma delas foi na Praça da Bandeira, no centro da cidade. Pela manhã, equipes trabalhavam na remoção de uma árvore da espécie Tipuana, que foi arrancada pela raiz. O exemplar tem aproximadamente 15 metros de altura e, por sorte, caiu apenas sobre o gramado.
Na avenida Dez de Dezembro (zona sul), nas proximidades do Parque Arthur Thomas, equipes da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) faziam a limpeza da pista com um caminhão-pipa. Na via, sentido zona sul, a lama tomou parte do asfalto.
SEM ENERGIA
Durante o temporal, pelo menos 4,5 mil domicílios ficaram sem energia, sendo a maior parte na região oeste. Hoje pela manhã, a Copel registrava ainda 75 imóveis desligados, com previsão de retorno até o final da tarde.
A Compdec reforça que em casos de enchentes, alagamentos, deslizamentos, vendavais, quedas de árvores, entre outras situações de perigo decorrentes das chuvas, a população pode acionar a Defesa Civil Municipal pelo 199 e a Guarda Municipal de Londrina pelo 153. O serviço funciona 24 horas por dia e a ligação é gratuita.
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