Do alambrado que delimita a pista de atletismo da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Marcelo de Avila Francos não deixava passar nenhum detalhe no preparo da filha Isabella Carla Francos, 20, para a prova de lançamento de disco. Entre uma orientação e outra, pausa para tirar fotos e registrar em vídeo o desempenho da filha, que pratica o esporte há quatro anos e tem os pais como treinadores.

A família veio de Irati (Sudeste) para participar da 10ª edição dos Parajaps (Jogos Paradesportivos do Paraná), que começou neste domingo (13) em Londrina e segue até terça-feira (15). Ao todo, são 1.500 atletas que compõem 297 equipes vindas de 45 municípios, para competirem em 17 modalidades esportivas: atletismo, basquetebol CR, bocha adaptada, futsal para amputados, futsal DI, futsal para surdos, goalball, golf7, handebol CR, natação, parabadminton, paracanoagem, paraciclismo, parataekwondo, tênis de mesa, voleibol sentado e xadrez.

Imagem ilustrativa da imagem Em Londrina, atletas dos Parajaps falam de superação através do esporte
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

Só no atletismo são aproximadamente 320 atletas, como Isabella Francos. Cada um deles traz, junto à rotina de treinos, histórias de superação através dos esportes, seja pela deficiência física ou intelectual. “Sou professora de Educação Física e a Isabella sempre me acompanhou nos jogos. Desde que ela começou a treinar, passou a ter melhora na saúde, na socialização, na autoestima e no controle da ansiedade”, conta a mãe Ivana. A atleta tem limitações neuromotoras e diz que encontrou no esporte uma grande motivação. “E eu gosto de participar dessas competições porque tem uma integração com outros atletas. Eu me sinto bem”, diz.

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| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

Para David Lucas Alves, 20, de Curitiba, os treinos de basquete em cadeiras de rodas e de parabadminton trouxeram novos sentidos à rotina. “Perdi todo movimento dos ombros para baixo, por conta de um disparo de arma de fogo. Passei a usar cadeira de rodas há pouco mais de três anos e o esporte para mim está sendo maravilhoso. Me ajudou a criar novas expectativas, fiz um grande círculo de amizades e passei a alimentar um novo sonho dentro de mim. E estar aqui hoje, participando do Parajaps, é uma oportunidade de viajar para outros lugares, de conhecer pessoas nas mesmas condições”, comenta.

O professor de atletismo na cidade de Colorado (Noroeste), Rodrigo Moia, veio com nove atletas, que estão competindo em quatro modalidades. Entre eles está Letícia Aparecida da Silva, 30. Ela é aluna da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e participou da prova feminina de 100 metros rasos. “Gosto de competir e os treinos me ajudam a ser mais rápida. Estou me sentindo bem melhor e gostei muito de vir para Londrina e fazer a prova”, conta.

EXPERIÊNCIA E FELICIDADE

O treinador Moia possui o projeto “Arte e Vida”, em Colorado, que busca a inclusão social de meninos e meninas no atletismo. Ele destaca que o esporte para os paratletas vai muito além dos resultados dos jogos. “O que conta é a experiência. O esporte acrescenta felicidade na vida deles, além do sentimento de estarem incluídos”, ressalta.

Ao todo, serão 16 praças esportivas espalhadas por toda a cidade. Além da UEL, os jogos são realizados no Zerão, Jardim Botânico, AFML (Associação dos Funcionários Municipais de Londrina) e APCEF (Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Paraná).

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| Foto: Vivian Honorato/N.com

Essa é a sétima vez que Londrina sedia o Parajaps. Segundo o presidente da FEL (Fundação de Esportes de Londrina), Marcelo Oguido, a estrutura e a experiência na organização do evento colocam a cidade em evidência para receber a competição. “Além disso, sabemos o quanto é importante apoiarmos eventos como este, que dá visibilidade e tem grande importância para esses atletas. O que transforma o aluno não é somente o esporte, mas a participação em competições, que faz parte do processo de desenvolvimento deles e de toda a família”, diz.

Para o atleta de parabadminton em Londrina, Devanir de Jesus Maciel, 44, que já esteve em muitas competições, “participar de campeonatos pode trazer reconhecimento e autoestima. Gosto de ser reconhecido como atleta. Além disso, quando a gente pratica um esporte, tudo se transforma. A saúde melhora e a mente se abre. É muito bom”, comenta. O Parajaps 2022 é uma iniciativa do Governo do Paraná, Paraná Esporte, Prefeitura de Londrina e FEL.

Serviço: A programação completa pode ser acessada no site oficial do Parajaps e nas redes sociais da FEL (Fundação de Esportes de Londrina).

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