Mulher de 61 anos dá à luz em Londrina
Bebê nasceu nesta quarta-feira (30), com 3,4 kg e 47 cm
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quinta-feira, 31 de outubro de 2019
Bebê nasceu nesta quarta-feira (30), com 3,4 kg e 47 cm
Laís Taine - Grupo Folha
Com 61 anos, Ana Maria Pontelo Moreira deu à luz seu primeiro filho e realizou o sonho de ser mãe. Apesar dos riscos, a técnica em enfermagem passou pelo processo de fertilização in vitro em um processo extenso e corajoso, que se finalizou na tarde desta quarta-feira (30), quando o bebê Ian veio ao mundo, com seus 3,4 kg, 47 cm, no Hospital do Coração unidade Bela Suíça, em Londrina.
O desejo da maternidade veio há aproximadamente 15 anos. Há seis, Ana Maria entrou na fila de adoção. “Entrei na fila em 2013 e é uma burocracia muito grande, fui para cadastro nacional e percebi uma dificuldade maior ainda”, comenta. Ana Maria trabalha em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Londrina, e, além da idade, enfrenta o desafio de ser mãe solo.
Um ano depois, aos 55 anos, decidiu iniciar os processos de fertilização, mas esbarrou nas recomendações médicas. “O CFM (Conselho Federal de Medicina) não permitia que mulheres a partir de 50 anos fizessem a fertilização in vitro”, recorda. Em 2015, o CFM autorizou que a técnica de enfermagem participasse do processo desde que ela tivesse um médico assistente para realizar todos os exames.
Foram várias tentativas e frustrações, mas no início de 2019 o exame deu positivo. “Nossa, foi muito emocionante, porque a gente tinha feito tentativas antes sem sucesso e essa vez foi positivo, uma emoção muito grande”, revela. A fertilização foi realizada em uma clínica de São Paulo por meio de doação de óvulos e banco de espermas.
Apesar da ótima notícia, a gestação era considerada de alto risco. “Na própria fertilização existe um risco maior de má formação no bebê, mas como o óvulo era de doadora e, normalmente, são de mulheres mais jovens, então esse risco seria o mesmo que o de uma paciente jovem. O risco maior seria durante a gestação, como tromboembolismo, problemas circulatórios, aumento de pressão, diabetes gestacional e consequências do crescimento da barriga, como dor lombar, nas pernas, mas ela conseguiu contornar tudo isso”, explica o ginecologista e obstetra João Fernando Góis Filho.
A mãe foi acompanhada com número maior de consultas e exames e seguiu indicações de vários profissionais, como nutricionista, cirurgião vascular e fez atividade física durante toda a gestação. “Foi uma gestação supertranquila, o que nos surpreendeu. Ela não me ligou nenhuma vez no celular, o que é uma raridade, uma ótima gestante, seguiu todas as orientações”, comenta o médico. O bebê nasceu de 39 semanas, por meio de cesárea.
“Foi uma gestação supertranquila, o que nos surpreendeu"
Ian tem saúde, é calmo e está se alimentando de leite materno. Depois de tanto tempo à espera desse dia, Ana Maria agradece a Deus e à equipe médica que a orientou para que esse dia chegasse. “Não tem preço, é muito bom. Eu queria muito isso. Saber que o meu bebê veio perfeito, é muito bom”, diz emocionada.
"Saber que o meu bebê veio perfeito, é muito bom"
Por viver sozinha, ela diz poder contar com a ajuda de familiares e amigos que estiveram presentes todo esse tempo. Para o pós-operatório, o médico afirma que existem restrições comuns do puerpério, para a mãe, será uma fase melhor. “Estou bem preparada, foi um caso bem pensado e acredito que agora vai ser melhor. Espero ter saúde para acompanhá-lo”, revela.
“Que eu seja inspiração para muitas mulheres"
Além de felicidade, Ana Maria pretende ser inspiração para muitas mulheres que não tiveram a oportunidade de terem filhos na idade fértil e que não realizaram o desejo de ser mãe. “Que eu seja inspiração para muitas mulheres, para elas verem que é possível e que elas possam tentar como eu”, finaliza.
IDADE
De acordo com levantamento da Sesa (Secretaria Estadual de Saúde), Ana Maria não é a mulher mais velha a dar à luz no Paraná. Os registros do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos apontam que, em 2012, uma mulher de 62 anos teve um bebê em Foz do Iguaçu.
Segundo o livro do Guinness, a mulher mais velha a dar à luz uma criança naturalmente concebida é uma britânica em 1997, quando tinha 59 anos. Com a ajuda da fertilização in vitro, o recorde mundial é de uma espanhola, María del Carmen Bousada Lara, que teve gêmeos em 2006, quando estava prestes a comemorar seus 67 anos. (Com France Press)
(Atualizado em 01/11, às 15h20)