Revitalização do Bosque de Londrina prevê erradicação de 95 árvores
Segundo levantamento do Ippul, número representa 10% do total encontrado no espaço de lazer da área central
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 28 de abril de 2021
Segundo levantamento do Ippul, número representa 10% do total encontrado no espaço de lazer da área central
Pedro Marconi - Grupo Folha
A revitalização do Bosque Municipal Marechal Cândido Rondon, no centro de Londrina, começou em fevereiro e a previsão em contrato é que dure até julho, se não houver prorrogação de prazo. Uma das etapas que contempla as melhorias do espaço é a erradicação de parte das árvores, serviço que é de responsabilidade do município. Dados obtidos pela FOLHA, por meio da Lei de Acesso à Informação, apontam que o bosque tem, pelo menos, 964 árvores, de cerca de 65 espécies.
O levantamento que indicou estes números foi feito em 2019 pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) para subsidiar o projeto arquitetônico do local, confeccionado pelo órgão. A proposta com a obra é que os caminhos históricos do bosque nas partes norte e sul sejam reabertos, seguindo a diretriz do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural.
Para que isso seja feito, deverão ser erradicadas 95 árvores, sendo 48 de espécies nativas da flora brasileira, 36 exóticas e 11 condenadas, além de um toco, de acordo com a Sema (Secretaria municipal de Ambiente). A pasta também informou que esta quantidade pode ser alterarada até a finalização dos trabalhos. Levando em conta os dados atuais que estão à disposição, serão preservadas 869 árvores, o que representa 90% do total contabilizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano.
“Observamos que uma das intenções do projeto é melhorar a segurança, através da permeabilidade visual, para tornar o bosque mais atrativo ao uso, circulação e garantir vitalidade. Além disso, algum rareamento da vegetação contribui para melhorar a insolação interna e a salubridade do local, inclusive, contribuindo para o problema da concentração de pombos e odor”, justificou o Ippul na resposta encaminhada à reportagem.
Diretor de Áreas Verdes da Sema, Gerson Galdino afirmou que do ponto de vista ambiental a ideia é preservar o maior número possível de árvores. “Alguns traçados no projeto inicial passavam por locais com muitas perobas e reduzimos a zero isso para não tirar nenhuma”, destacou. Parecer técnico do Ippul assinala para a existência de 42 perobas, consideradas espécie rara conforme portaria do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
COMPENSAÇÃO
As árvores de menor porte estão sendo retiradas pelos próprios servidores da prefeitura, enquanto que as maiores são eliminadas pela empresa terceirizada que tem contrato com o poder público. “Quando a árvore é nativa ou em grandes quantidades submetemos ao Instituto Ambiental do Paraná”, explicou Galdino. A compensação ambiental pela erradicação, seguindo a legislação, se dará com a doação de mudas de espécies típicas da Mata Atlântica ao Viveiro Municipal.
Além disso, deverão ser plantadas mudas, preferencialmente, nas APPs (Áreas de Preservação Permanente), fundos de vale e unidades de conservação do município. Tanto o Ipuul quanto a Sema informaram que não está previsto o plantio de mais mudas no bosque. “A área do bosque possui um ‘banco de sementes’ natural que deve vir a promover a sucessão florestal na área”, ponderou a Sema.
LEIA TAMBÉM:
- Parque infantil para deficientes tem equipamentos quebrados
- Prefeitura vai multar motos com escapamento adulterado em Londrina
OPINIÕES
Desde que a revitalização teve início, muita gente vem acompanhando de perto todo o processo, principalmente os moradores da região central. A necessidade de reforma é unanimidade, mas quando o assunto é a retirada de árvores as opiniões se dividem. “Deveriam preservar do jeito que está e só retirar aquelas condenadas. O bosque é conhecido pela vegetação”, analisou a aposentada Gleice Salatiel. “Se acabarem com poucas árvores vai continuar inseguro. O certo é quem está de um lado ver o outro e também quem está circulando por dentro”, afirmou o autônomo Francisco Teixeira.
Medição promovida pela secretaria municipal de Obras e Pavimentação, em nove de abril, demonstra que já foram executados 21,90% dos serviços em dois meses. A obra tem custo de R$ 2,5 milhões e prevê espaços de lazer e esporte. Haverá ainda uma mini praça em frente a Biblioteca Pública.
Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.