Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, mostram que na região de Londrina a taxa de desemprego para o primeiro trimestre de 2024 esteve em 4,9%, significativamente inferior à média nacional de 7,9%.

A economia brasileira ainda está relativamente distante da menor taxa de desemprego atingida em 2014 de 4,8%, mas deixamos para trás o pico de 14,7% do primeiro trimestre de 2021.

Essa redução na taxa de desemprego ajuda a explicar o aumento incomum no pedido de demissões voluntárias e o crescimento da média salarial no país.

Recordes na demissão voluntária...

A quantidade de demissões a pedido tem registrado sucessivos recordes. Em 2023 foram 20 mil pedidos de demissão voluntária por dia, o dobro de 2019, antes da eclosão da COVID e nos primeiros 4 meses do ano este número está 14,7% maior que no mesmo período do ano passado.

... devem continuar neste ano...

Em 2023 foram 21,8 milhões de desligamentos, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, sendo 7,4 milhões voluntários, o que equivale a 34% do total e deve chegar a 38% em 2024 se mantida a tendência.

... com otimismo na economia...

Pesquisa levada a cabo por Bruno Imaizumi da LCA Consultores, mostra que o motivo do elevado número de pedidos voluntários de desligamento, o mais alto registrado em mais de 20 anos, são próprios de uma percepção positiva da economia.

... com mais ofertas de emprego...

Com oferta de emprego menor, o trabalhador que se sujeitou a postos de trabalho abaixo de sua qualificação e com salários baixos, agora encontra ofertas mais adequadas a seu perfil e busca posições mais rentáveis e que lhe propiciem maior satisfação.

... busca de qualidade de vida...

Uma segunda explicação está na mudança de comportamento de uma nova geração de trabalhadores, que valorizam mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e buscam labores que ofereçam mais flexibilidade e possibilidade de trabalhar remotamente.

... e aumento do empreendedorismo

Some-se a isso, uma leva de empreendedores individuais que saltou de 4,6 milhões em 2014 para 15,7 milhões em 2023, conforme revelam os números do SEBRAE, que encorajados pela perspectiva de maior liberdade econômica, buscam abrir seus próprios negócios.

Empresas precisam se adaptar...

Essa dinâmica da força de trabalho traz como consequência a necessidade de oferecer melhores salários para atrair ou reter trabalhadores, bem como melhorar os benefícios e repensar a forma do trabalho.

... com reflexo nos salários...

O primeiro reflexo pode ser visto na mudança na distribuição do pessoal ocupado por faixa de rendimento nos últimos 2 anos, conforme pesquisa da LCA Consultoria. A parcela de trabalhadores com renda mensal entre zero e 1 salário-mínimo caiu de 35,5% para 31,7%.

... que sobem de patamar...

A parcela de quem ganhava entre 1 e 2 salários-mínimos aumentou de 32,4% para 35,1% e acima de 2 salários-mínimos subiu de 29,9% no primeiro trimestre de 2022 para 31,6% no primeiro trimestre deste ano.

... melhorando o ganho dos trabalhadores

O rendimento médio real efetivamente recebido no 1º trimestre de 2024 foi de R$ 3.056, contra R$ 2.739 no primeiro trimestre de 2022, ou seja, uma evolução real de 11,6%, maior variação em 2 anos, desde 2012, primeiro registro desta natureza encontrado na PNAD contínua do IBGE.

Esta deve ser a tônica

Uma economia robusta amplia as oportunidades de emprego, reduz a insegurança e proporciona aos trabalhadores a confiança para buscar posições que melhor se alinhem com suas habilidades e aspirações.

Merece nossa atenção quem se propõe a impulsionar a economia, com conhecimento de causa e de forma realista

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.