As possibilidades no novo mercado de trabalho, a necessidade de atualização constante e os caminhos para dominar as novas tecnologias serão temas do 21º Encontros Folha, no dia 3 de setembro, no Centro de Eventos do Aurora Shopping, em Londrina. Com o tema “Inovação e Tecnologia: Os Novos Marcos Para a Geração de Empregos”, o encontro vai debater assuntos estratégicos que impulsionam a inovação e o desenvolvimento local, conectando profissionais e estudantes em um ambiente de aprendizado e troca de informações.

O palestrante principal será o reitor da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Miguel Sanches Neto. Ele vai falar sobre o projeto Talento Tech-Paraná, lançado em junho pelo governo do Estado para ofertar cursos profissionalizantes na área de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) para cerca de três mil estudantes do ensino médio e do ensino superior em 50 municípios. São 150 cursos com carga horária de 800 horas de aulas presenciais e a distância, com duração de dez meses e bolsas mensais de R$ 1.345. A coordenação do programa é da UEPG.

Para Sanches Neto, o Talento Tech-Paraná é um exemplo da aproximação entre a universidade e os estudantes, que são preparados para a nova realidade do trabalho. “É um curso de extensão, feito na modalidade remota, que permite qualificar alunos do ensino médio e do ensino superior para que eles desenvolvam habilidades tecnológicas e possam conquistar uma vaga no mundo do trabalho, que é cada vez mais digital. A preocupação das universidades estaduais não é apenas formar pessoas, mas dar uma formação a mais ampla possível para todos os grupos sociais”.

O reitor da UEPG avalia que o novo ambiente do mercado de trabalho tem o poder de atrair mais jovens para as universidades. “As novas tecnologias são mais atrativas para os jovens porque estão dentro de uma experiência tecnológica que eles já dominam. Esses cursos funcionam dentro da uma modalidade com a qual esses jovens têm intimidade. O esforço tem sido para que a universidade faça esse movimento de aproximação das realidades virtuais”.

Presença no dia a dia

O painelista do evento, André Galletti Júnior, gerente de planejamento da Integrada Cooperativa Agroindustrial, de Londrina, vai apresentar casos que evidenciam a necessidade de constante adaptação. As soluções já estão no mercado e nas universidades, mas muitas vezes a pessoas não as conhecem, daí a necessidade de buscar o aprimoramento e participar de iniciativas como o Encontros Folha.

“Essa transformação já está acontecendo. O fato de o Encontros Folha trazer não só o tema, mas cases do dia a dia, mostra que o mercado de trabalho precisa se adaptar rapidamente”, avalia Galletti. “As soluções já estão no ambiente corporativo, as pessoas estão se reinventando e se adaptando. Precisamos mostrar que o futuro já chegou, já está presente no dia a dia, e que essas habilidades são necessárias no dia a dia”.

A inovação não é mais um diferencial, diz o gerente da Integrada Cooperativa, mas uma questão de sustentabilidade. “Quando se fala em inovar, não é apenas em relação a equipamentos e dispositivos, mas também na forma de trabalho. As pessoas acabam tendo que se reinventar para conseguir manter essa competitividade no mercado. Um exemplo que vou trazer é a nossa experiência com Inteligência Artificial. Entramos em um processo de transformação que mudou até forma de desenvolvimento de soluções”.

Atualização e oportunidades

O encontro será mediado por Marco Antonio Ferreira, coordenador do MBA em Gerenciamento de Projetos da UTFPR (Universidade Federal Tecnológica do Paraná). “O Encontros Folha tem a função de trazer para o público as possibilidades que a Inteligência Artificial e as novas tecnologias trazem para um mercado de trabalho totalmente novo e diferente”, afirma o professor. “Como a mudança e a inovação são muito rápidas, esse processo de atualização tem que ser constante. Se você fica dois meses parado, sem buscar informação, fica alguns anos atrasado em relação ao conhecimento”.

Ainda há um vasto campo para avançar em áreas como gestão e análise de dados, diz Marco Ferreira, o que gera oportunidades para profissionais capacitados. “Há uma grande influência das redes sociais e a possibilidade da empresa captar dados, mas esses dados nem sempre são tratados de forma adequada para ajudarem o gestor a tomar uma decisão mais eficiente”, diz o professor da UTFPR. “Temos cursos na área de análise de dados e cursos que fornecem bases conceituais para gerenciar uma equipe. Cada vez mais trazemos informações para a universidade, visando atender o mercado de trabalho”.

Silvana Mali Kumura, coordenadora no Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação e HUB de Inteligência Artificial, também é painelista no Encontros Folha e pretende tratar sobre os desafios em um cenário de mudanças tão rápidas. “Inovação e tecnologia foram impulsionadores do progresso, também permitiram ao homem viver mais, gerar, compartilhar conhecimento e criar oportunidades que transformaram nossas vidas. Nosso grande desafio nesse momento é redefinir de forma adequada o papel do homem e sua relação com o trabalho em um mundo em constante mudança. Isso é um pouco do que vamos tratar no dia 3 de setembro", afirmou.

TEMÁTICAS RELEVANTES

Realizado desde 2014, o Encontros Folha é um projeto do Grupo Folha de Londrina que já conta com 20 edições. O objetivo é proporcionar à sociedade do Norte do Paraná e aos leitores informação e debate sobre temas que afetam diretamente a vida na cidade e a realidade do país. Com formato de palestra e painel, o evento traz temáticas desenvolvidas com ajuda de lideranças empresariais, formadores de opinião e especialistas.

21º Encontros Folha

"Inovação e Tecnologia: Os Novos Marcos Para a Geração de Empregos – Como explorar o papel das novas ferramentas tecnológicas criando oportunidades de trabalho".

Data: 3 de setembro, a partir das 19 horas.

Local: Centro de Eventos do Aurora Shopping (Avenida Ayrton Senna da Silva, 400)

Inscrição gratuita no Sympla: https://lnkd.in/dcXavdbm

Realização: Folha de Londrina. Correalização: Sebrae. Patrocínio: Sicoob e Integrada Cooperativa Agroindustrial. Apoio: Amadeus e Frezarin.

A pandemia ajudou a redesenhar a educação universitária

A nova realidade de trabalho já está presente nas universidades brasileiras. O movimento ganhou força com a pandemia do coronavírus, quando as instituições avançaram no ensino remoto, e se consolidou com a oferta de novos cursos, em modalidades que até então não eram exploradas.

“As universidades tiveram que modificar não apenas os seus instrumentos de ensino, mas a própria metodologia de ensino, que durante um período passou a ser totalmente remota”, lembra Miguel Sanches Neto, reitor da UEPG (Universidade Federal de Ponta Grossa), palestrante do 21º Encontros Folha . “Isso foi benéfico para a universidade, porque permitiu utilizar os instrumentos dessa transformação digital que se acelerou nos últimos anos. A grande marca dessa transformação foi a possibilidade de as universidades atuarem muito além da sua abrangência regional. É uma outra universidade que está se desenhando, mais preocupada com a formação em âmbito estadual, nacional e internacional”.

A abrangência possibilitada pelo ensino remoto, no entanto, não desviou a atenção da realidade local. As novas ferramentas também são utilizadas para alavancar o desenvolvimento de regiões específicas do estado. “Um exemplo é o curso de tecnólogo em mineração da UEPG. A parte prática é feita nas empresas de mineração e a parte teórica é feita remotamente. É um tecnólogo voltado para a realidade de municípios do Vale do Ribeira”, diz Miguel Sanches Neto. “As novas tecnologias permitem a oferta de cursos sazonais, destinados a segmentos da sociedade, impactando no desenvolvimento regional e atendendo a população que está nos municípios mais remotos do Estado”.

Marco Antonio Ferreira, professor de UTFPR e mediador no 21º Encontros Folha, lembra que muitas “novidades” do mercado de trabalho já são estudadas e há anos fazem parte do dia a dia dos pesquisadores e das instituições de ensino superior. “Apesar de ser um ambiente com uma estética antiga, tradicional e formal, a universidade está na ponta do conhecimento. Algumas das tecnologias sobre as quais se fala hoje, dentro da universidade a gente já tem acesso há tempos”.

Formação superior é essencial na nova realidade

Apesar das mudanças no mundo trabalho, a formação superior ainda é essencial, avaliam especialistas que participarão do 21º Encontros Folha, no dia 3 de setembro. As novas tecnologias poderão levar a uma reconexão entre os jovens e as universidades, revertendo uma tendência observada nos últimos anos. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre 2013 e 2023 houve uma queda de 45% na procura pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a principal porta de entrada no ensino superior gratuito.

“Essa formação é fundamental. Com os espaços que estão se abrindo, estamos buscando pessoas já formadas e capacitadas, com fundamentação teórica”, comenta André Galletti Júnior, gerente de planejamento da Integrada Cooperativa Agroindustrial. “A pessoa precisa chegar pronta para a empresa. Uma das formas de unir a teoria com a prática é a aproximação entre empresas e instituições de ensino. Temos programas de estágio e programas de trainee. Mas temos posições em que não permitimos que as pessoas não tenham o terceiro grau completo. Porque os princípios balizam a competência”.

Com as novas demandas, a busca por profissionais atualizados é constante junto a instituições de ensino, diz Galletti. E nem sempre é possível encontrar uma pessoa qualificada para uma determinada função. “Para sanarmos esse tipo de demanda por um profissional novo, buscamos parcerias com as instituições de ensino, as universidades e os institutos. Temos vagas disponíveis para esses tipos de competência no mercado, mas muitas vezes não conseguimos encontrar profissionais capacitados para essa demanda”.

Conteúdo formal

Para Marco Antonio Ferreira, professor da UTFPR e mediador do 21º Encontros Folha, os conteúdos formais são a base para o domínio das novas tecnologias. “Há um conteúdo formal que precisa ser passado para um aluno, um engenheiro tem que ter uma base sólida de cálculo e física, por exemplo. É um conhecimento básico: para perguntar para um software de inteligência artificial, a pessoa tem que dominar aquilo que vai perguntar. Para dominar, precisa de uma estrutura de conhecimento mais sólida”.

O novo ambiente das universidades também é considerado na hora de selecionar um profissional, diz o professor. “O que vem ocorrendo, como um novo paradigma, é a criação de universidades particulares com cursos de excelência, com valor alto. Existe uma demanda por uma formação sólida. Quando uma empresa contrata uma pessoa, ela exige alguns parâmetros que são objetivos, e um deles é se você tem curso superior, qual a sua área de formação e em qual universidade você fez seu curso”, afirma Ferreira.