Para alguns a contratação de técnicos portugueses é moda, para outros já é uma tendência que veio para ficar. O efeito Jorge Jesus, no Flamengo, a partir de 2019 fez times buscarem uma opção como salvação, num primeiro momento, e estão descobrindo outros pontos. Mais à frente poderemos ter certeza de que foi apenas um período ou que virou realidade.

Não é só o idioma que tem favorecido essa tendência. Esse mesmo caminho poderia ter sido seguido na contratação de técnicos sul-americanos, mas as experiências daqueles que tentaram não agradaram. E tem ainda um certo preconceito com argentinos, por exemplo, que exportam técnicos para o mundo todo com bons resultados, menos para o Brasil.

Então, o que tem de diferente? A Europa sempre esteve à frente em estudos, mas com “mão de obra” menos qualificada em quantidade. O futebol brasileiro cria talentos em abundância, mas que só crescem taticamente fora do país. A confirmação está na Seleção Brasileira, que só tem tido nomes que atuam no exterior há muito tempo.

Conservamos vícios que deixaram o futebol no país muito pragmático e tem sido mudado com técnicos estrangeiros pelo olhar, profissionalismo e conceitos mais atuais em metodologias de treinamento, principalmente. Há também uma nova geração que tem se formado nas academias, mas com olhar desconfiado pela falta de experiência. E toda essa diferença já ficou clara para jogadores. O jogo moderno exige conhecimentos além do intuitivo.

Os técnicos portugueses são os melhores no mundo? Claro que não. E estão numa liga fraca, onde só três times brigam pelo título e só dois vencem. Mas estão tendo a oportunidade de vivenciar um campeonato mais forte, que é o brasileiro, com mais jogadores técnicos. E o resultado são times que surpreendem e um mercado que se abre e pode se consolidar.

Antes de muitos profissionais brasileiros reclamarem “desse modismo”, precisam entender que espaço só é ocupado quando se permite. Muitos nomes estão sendo “aposentados” por não conseguir competir, e nem mudar esse cenário. O futebol é global e profissionais trabalham no mundo todo. A Ásia sempre foi um mercado aberto para o Brasil, mas mas nunca foi o centro do futebol.

E se Carlo Ancelotti realmente vier a comandar a Seleção Brasileira e tiver sucesso, aí sim o caminho estará aberto para uma invasão. E sem volta.