Uma seleção com futebol contestado, mas que tirou o Brasil de uma fila de 24 anos sem conquistar uma Copa do Mundo. Há 30 anos, a seleção brasileira ganhava o seu quarto título mundial após vencer a Itália na primeira final da história decidida nos pênaltis, no estádio Rose Bowl, em Los Angeles.

O dia 17 de julho de 1994 coroava o técnico Carlos Alberto Parreira, o capitão Dunga, o goleiro Taffarel, herói nos pênaltis, e Romário, o craque daquele Mundial. Foi também a primeira Copa de Ronaldo, que depois se transformaria em Fenômeno.

Com um futebol muito mais eficiente do que plástico, o Brasil recebeu muitas críticas pelo desempenho apresentado. O pragmatismo em campo fez a seleção ganhar com placares mínimos de Suécia e Estados Unidos, além do 0 a 0 amarrado durante os 120 minutos de jogo diante dos italianos.

"Estávamos acostumados com grandes espetáculos em outras Copas e naquela Copa o Brasil foi mais competitivo do que técnico. Acredito que até pelo jejum de tanto tempo sem ganhar, forçou o Parreira a implantar esta filosofia", frisa o locutor J. Mateus, da rádio Paiquerê 91,7, que cobriu aquele Mundial pela emissora londrinense.

Mateus ressalta que a própria formação de Parreira, que era preparador físico, privilegiava um time muito mais físico do que técnico. "As seleções de 1982 e 1986, com Telê Santana, deram espetáculo, mas talvez faltou competitividade. E o Parreira repetiu o futebol força que não deu certo em 1990, com (Sebastião) Lazaroni, na Itália", apontou. "Mas o jogo contra a Holanda - 3 a 2, nas quartas de final - foi um belo espetáculo e também a partida mais dramática."

O Mundial de 1994 abriu um novo horizonte para o futebol levando a Copa para os Estados Unidos. Até hoje o soccer está longe de estar entre as modalidades favoritas dos americanos, mas aquela Copa do Mundo apresentou estádios lotados e sustenta até hoje o recorde de total de público e média por partida entre todos os Mundiais disputados. Foram mais de 3,5 milhões de espectadores e uma média superior a 68 mil pessoas por jogo.

"Em todos os jogos os estádios estavam cheios, até nas partidas menos importantes. Primeiro porque nos Estados Unidos há pessoas do mundo inteiro e até mesmo os americanos que foram em peso aos estádios porque era uma coisa totalmente nova e diferente para eles", comenta o narrador.

J. Mateus lembra que, em razão das dimensões territoriais dos Estados Unidos, a distância era muito grande entre um jogo e outro. "A equipe da Paiquerê viajou mais de 12 mil quilômetros para acompanhar os jogos da seleção brasileira", recorda. "Foi uma Copa com ótimos estádios e boa estrutura de trabalho, mesmo não tendo a tecnologia de hoje. Os primeiros computadores portáteis e celulares surgiram em 1998 na França, mas a popularização veio somente a partir de 2022, no Japão e na Coreia do Sul."

Curiosamente, na próxima Copa em 2026, que será realizada em conjunto por EUA, Canadá e México, o Brasil completará 24 anos sem uma conquistar um Mundial, o último foi em 2002 realizado por Coreia do Sul e Japão.