A poesia pode acontecer todos os dias. Mas também pode acontecer apenas em dia de chuva. Pode acontecer também apenas em dias de sol avermelhado.

Existem poetas que publicam seus versos ocasionalmente, de maneira espaçada, em tempos bissextos. Esse é o caso dos jornalistas Silvio Oricolli e Marcelo Oikawa, e o publicitário Rafael Monteiro, que reuniram produção poética em “Marés – A Poesia Bissexta dos Paranaenses”, livro que acaba de ser lançado pela editora Banquinho.

Silvio Oricolli
Silvio Oricolli | Foto: Divulgação

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Oricolli e Oikawa possuem uma longa trajetória no jornalismo paranaense. Começaram atuando em jornais como “Panorama” e “Novo Jornal”, editados em Londrina na década de 1970. Apesar de residirem atualmente em Curitiba, possuem uma grande relação afetiva com Londrina, uma relação que se faz presente em seus versos.

Para Oricolli, a poesia representa encantamento: “O poeta é como um ímã que, por onde passa, atrai e recria imagens, reveste a realidade e refina a emoção. E condensa tudo isso em alguns versos.”

Para Oikawa, a poesia passeia pela catarse: “Minha poesia reflete seu mundo interior, que é maior que o meu mundo exterior. Ela é a minha catarse, que precisa ser lançada para fora, apesar dos riscos da exposição. A arte para mim é um instrumento de purificação.”

A seguir, Silvio Oricolli e Marcelo Oikawa falam sobre “Marés”.

Marcelo Oikawa
Marcelo Oikawa | Foto: Divulgação

“Marés” se apresenta como uma obra de poetas bissextos. Os poemas presentes no livro são de uma produção recente ou foram escritos ao longo dos anos?

Silvio Oricolli – Foram escritos ao longo dos anos, sim. Boa parte. Daí a explicação para o bissexto: não havia dedicação sistemática à literatura, pois o jornalismo tomava a maior parte do meu tempo. Mas nunca deixei de escrever e de ler poemas, contos, romances e ensaios literários. Aos poemas mais antigos foram juntados alguns recentes.

Marcelo Oikawa – Não há nenhuma exceção de poesias que não tenham sido reescritas várias vezes, no meu caso. Uma palavra não te agrada? Você vai trocando até encontrar uma que se encaixa. Para nossa sorte a língua portuguesa é uma mina rica para garimpar. Você troca versos inteiros ou até fica reescrevendo poemas inteiros. E então quando você vai ao teu arquivo encontra poesias antigas que foram sendo reescritas por 30 anos. Mas “Marés” também têm poesias recentes.

Rafael Monteiro
Rafael Monteiro | Foto: Divulgação

Vocês possuem uma longa trajetória pelo jornalismo. De que forma a poesia entrou nesse processo? Jornalismo e poesia são dois caminhos em conexão?

Silvio Oricolli – Bom, a literatura, especialmente a poesia, antecede ao jornalismo nesta questão. Eu era um leitor voraz já na adolescência, ou seja, a literatura foi o meu passaporte para o jornalismo. Se bem que tanto a linguagem como a abordagem de fatos e fenômenos, de temas, enfim, são distintos: no jornalismo prevalece a prosa, na poesia, o verso. Mas, no meu caso, há uma estreita relação entre eles. E também, por alguns anos, fui repórter do “Caderno 2” da Folha de Londrina, com muito contato com o pessoal que promovia cultura em todos os níveis em Londrina, bem como escritores de outros Estados. Além disso, no início, tive uma influência muito grande do escritor Jair Ferreira dos Santos, quando comecei a rabiscar os primeiros poemas, ainda em Cornélio Procópio.

Marcelo Oikawa – A poesia e o teatro vieram antes do jornalismo. Ambos me ensinaram clareza e concisão. O jornalismo me ensinou a capturar e transmitir uma emoção.

Em alguns dos poemas presentes em “Marés” vocês fazem uso da linguagem do haikai. Qual o interesse de vocês pelas formas breves?

Silvio Oricolli – Para mim, o haikai é o instantâneo, o flash. É o pipocar da imagem emocionada, que se desnuda e exige uma interpretação concisa, em forma e linguagem. Não sou um haicaísta, mas me valho do pequeno poema quando é oportuno.

Marcelo Oikawa – O haicai tem muito a ver com a minha origem. É telegráfico, com o máximo de significados com o mínimo de palavras. Muitas vezes no haicai o que não está escrito tem um significado maior. O haicai é a arte que melhor expressa o lema da estética japonesa: a busca da beleza na simplicidade.

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. | Foto: Divulgação

Serviço:

“Marés – A Poesia Bissexta dos Paranaenses”

Autores – Marcelo Oikawa, Silvio Oricolli e Rafael Monteiro

Editora – Banquinho

Páginas – 230

Quanto – R$ 40

Onde encontrar – Pedidos pelo whatsapp: (41)99244-2604. Ou pelo e-mail: sotexto@yahoo.com.br

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