Da poesia à autoficção, escritores discutem literatura no Sesc Cadeião
Com o tema ‘Ler para mudar histórias’, Marcelo Labes, Wesley Barbosa e Rafael Gallo participam de um bate-papo nesta sexta-feira (6)
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 05 de outubro de 2023
Com o tema ‘Ler para mudar histórias’, Marcelo Labes, Wesley Barbosa e Rafael Gallo participam de um bate-papo nesta sexta-feira (6)
Douglas Kuspiosz/ Especial para a FOLHA
Uma mesa-redonda vai reunir os escritores Marcelo Labes, Wesley Barbosa e Rafael Gallo para um bate-papo sobre literatura nesta sexta-feira (6), no Sesc Cadeião. O encontro faz parte da programação da 42ª Semana Literária do Sesc & Feira do Livro, cujo tema central é “Ler para mudar histórias”. A conversa entre eles será mediada pela jornalista, cronista e poeta Célia Musilli.
A temática deste ano está em consonância com a história de muitos desses autores. Wesley Barbosa é um escritor da periferia de São Paulo que vem se destacando na ficção contemporânea. Suas publicações incluem “O diabo na mesa dos fundos” (Selo Povo, 2016), “Parágrafos fúnebres” (Ficções Editora, 2021), “Relato de um desgraçado sem endereço fixo” (Ficções Editora, 2021), “Viela Ensanguentada” (Ficções Editora, 2022) e “Pode me chamar de Fernando” (Numa Editora, 2023). Entre suas façanhas está a venda de milhares de livros de forma independente - usando ferramentas como as redes sociais e enviando exemplares para leitores do Brasil inteiro.
Barbosa acredita que iniciativas como a do Sesc são importantes para mostrar a literatura que é produzida na periferia. Mais do que isso, é uma forma de dar espaço para esses autores.
“Minha produção literária tem muito a ver com o que eu observo nas minhas vivências na ‘quebrada’”, diz, acrescentando que a literatura tem o poder de mudar vidas, como aconteceu com ele após descobrir uma adaptação da Odisséia, de Homero, na biblioteca da escola. “Ter esse evento no Sesc e poder falar um pouco da minha obra, poder difundir e disseminar a literatura antirracista que é produzida na periferia, é muito importante.”
‘UM LUGAR ESTRANHO’
Ao seu lado estará o escritor catarinense Marcelo Labes, vencedor dos prêmios São Paulo de Literatura, Machado de Assis da Biblioteca Nacional e Jabuti. Labes iniciou sua caminhada literária como poeta e estreou como romancista com “Paraízo-Paraguay” (Caiaponte edições), em 2019.
“Eu me ocupo muito do Sul, gosto de pensar o Sul e pesquisar sobre, tentar entender que lugar estranho é esse. O ‘Paraízo-Paraguay’ é isso, data da imigração alemã sob uma ótica menos heroica do imigrante”, citando que seu primeiro protagonista está situado na Guerra do Paraguai, discutindo a participação dessas pessoas no conflito.
Esse tema está presente também em “Deus não dirige o destino dos povos” (Caiaponte edições, 2023), sua última publicação, em que o integralismo no Sul é pauta; uma outra vertente da sua literatura é a autoficção, como em “Três Porcos” (Caiaponte edições, 2020).
No seu ponto de vista, o Sesc “é o maior difusor de cultura” em todas as regiões do Brasil e, no campo literário, a “democracia na curadoria” é um dos aspectos mais importantes. Ele destaca a produção independente das suas obras, já que o processo de escrita, edição e publicação parte do próprio autor.
“Para pessoas como nós, que temos nosso público leitor, que não estamos por opção ou não em editoras grandes, sermos convidados para conversar sobre nosso trabalho em um evento tão importante, mostra como é um evento grandioso”, acredita Labes. “É um motivo de felicidade ser convidado a ocupar esse espaço e estar em diálogo com essas pessoas.”
‘LITERATURA MARGINAL’
Completa a mesa-redonda o escritor paulistano Rafael Gallo, vencedor dos prêmios Sesc de Literatura e Saramago. Sua estreia foi com o livro de contos “Réveillon e outros dias” (Editora Record, 2012); já seu primeiro romance veio em 2015, com “Rebentar” (Editora Record), que foi reescrito e será relançado neste ano. Sua última publicação foi “Dor Fantasma” (Globo Livros, 2023).
O autor afirma que a iniciativa da Semana Literária é fundamental porque aproxima a literatura das pessoas e evidencia essa nova geração de escritores brasileiros.
“Às vezes as pessoas têm a impressão que os escritores já estão todos mortos, a gente só estuda aqueles clássicos. E de repente nós vemos que tem muita literatura sendo feita por escritores mais jovens. É uma forma de trazer a literatura como algo que todos podemos viver e participar”, pontuando que é vital não distanciar ou “sacralizar” o autor.
Gallo diz que são bem-vindas as ações para dar espaço a artistas e obras que não seguem necessariamente uma lógica mercadológica. Um exemplo são os livros produzidos fora dos centros de poder e mercado. “Na nossa realidade, toda a literatura é um pouco marginal, se comparada às séries de streaming e outros tipos de produtos que têm muito mais entrada no público em geral”, opina.
SERVIÇO
Mesa-redonda com Marcelo Labes, Rafael Gallo e Wesley Barbosa
Quando: sexta-feira (6), às 19h
Local: Sesc Londrina Cadeião (rua Sergipe, 52)
Mediação: Célia Musilli
Entrada: Gratuito