Compreender o mundo, expressar sentimentos e brincar. Infinito quanto as formas e cores que podem compor um desenho é o universo que se abre ao criá-lo. Na infância, o simples desenhar é ‘acessar’ uma caixinha inerente ao desenvolvimento humano.

“O desenho é uma das primeiras coisas que fazemos, principalmente quando somos bebês. A criança ‘vê’ o desenho como uma brincadeira e também como uma maneira de expressar vários sentimentos como tristeza, saudade, alegria”, diz o professor de artes visuais e ilustrador, Paulo Sergio Tio.

Como ele, a professora e ilustradora Lara G. Haddad, e o artista plástico Carlos Kubo também foram despertados para a arte na infância e hoje contam suas experiências na atuação com o público infantil em Londrina. A vivência com a arte desde pequenos pode ter moldado a atuação profissional desses artistas, mas esse não é objetivo nas aulas ou conteúdos que eles têm produzido e dedicado às crianças.

“Criança é um tesouro que você tem que moldar. Ela pode não ser profissionalmente um desenhista, um pintor ou outro artista, mas tendo a observação da arte desde pequena, com certeza crescerá com respeito à arte e apreço por quem as produz”, comenta Kubo, que há cerca de um mês lançou o projeto “Kubinho for Kids”, no canal do YouTube.

CRIAR NA PANDEMIA

Kubo sempre buscou alcançar o público infantil. Nas exposições que realizava antes da pandemia, havia uma programação de workshop para crianças, tanto no Brasil quanto no Japão. “Por conta da pandemia, resolvi me dedicar a fazer vídeos com o passo a passo de desenhos simples e outros um pouco mais elaborados. É uma forma de entreter pela internet porque desenho é repetição e eles podem começar a observar e repetir no papel”, diz.

O artista plástico em Londrina ressalta que o objetivo não é ter sucesso ou encarar como um ponto de partida profissional, mas fazer com que as crianças tenham acesso à arte. No ano passado, a Unicef Brasil lançou em suas redes sociais, a campanha “Sentimentos no Papel” para que as crianças mostrassem através de desenhos as suas emoções diante da pandemia de Covid-19.

Lara Haddad explica que é preciso respeitar cada etapa do desenvolvimento motor e cognitivo da criança
Lara Haddad explica que é preciso respeitar cada etapa do desenvolvimento motor e cognitivo da criança | Foto: Divulgação

Na Escola de Desenho e Artes Ilustres Ideias em Londrina, Lara Haddad comenta que a procura pelas aulas de desenho aumento muito no último ano, especialmente na faixa etária dos 9 aos 13 anos. “Há uma preocupação muito válida dos pais, especialmente com a pandemia, de diminuir o tempo de tela e proporcionar uma convivência segura entre crianças e criar momentos agradáveis”, afirma.

Experiente na arte de ensinar e de criar, Haddad reforça que é preciso respeitar cada etapa do desenvolvimento motor e cognitivo da criança, e destaca que uma criança que começa a desenhar pode desenvolver uma paixão. “E nós estamos em uma era da comunicação visual muito intensa. Tudo é desenho, imagem, cor, forma.”

Sobre os ganhos, a professora responde que o desenho ou qualquer tipo de atividade de criação faz com que a criança presencie o momento, o que diminui a ansiedade. “É um momento que você se concentra, respira, presta atenção e o viver agora está faltando muito para a gente. Ao desenhar, criar, a criança está querendo se testar, se desafiar, trazer para perto de si um personagem que ela gosta e começa a ser prestigiada também pelas suas criações. É uma sensação de empoderamento e um estímulo à autoestima”, avalia.

Haddad trabalha em parceria com Tio, que faz questão de dizer que o desenhar na infância não se limita ao uso de papel, lápis ou giz de cera, mas em tudo que surge em qualquer superfície e com os materiais possíveis.

“Uma criança de 2 ou 3 anos, por exemplo, pode achar uma caixa de areia um ótimo local para desenhar. Ela olha, cheira, toca e se move com o desenho. O seu pensamento se dá na ação, no que está sentindo e percebendo. O mesmo se dá quando ‘chega a hora’ de usar papel, canetinhas super coloridas ou tintas cheirosas e pastosas: o desenho continua vivo e em pleno movimento. A criança sempre está atenta e aberta às experiências, sem medo de se arriscar. É assim que ela compreende o mundo e participa dele, de modo intenso. Chamamos isto de pertencimento”, pontua.

Serviço:

Acesse aqui uma das aulas do canal “Kubinho for Kids” .

Mais informações sobre as aulas na escola Ilustres ideias através do telefone: (43) 99900-6655.