Em uma mesma semana, temperaturas com máximas de 36 ºC e mínimas de 3º C, em pleno inverno - evidenciam a instabilidade climática enfrentada nos dias atuais em diferentes regiões do Brasil e do mundo.

Em Londrina, as variações citadas marcaram o mês de agosto e colocaram à prova a imunidade física, a capacidade de adaptação, bem como a criatividade e o bom humor dos londrinenses para sair de casa de acordo com a roupa adequada.

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Vitrines com artigos de inverno e verão também trouxeram à tona a necessidade de os comerciantes estarem prontos para mudanças tão extremas, uma vez que foi possível, em intervalos curtos, usar bota e calça de lã para trabalhar numa quarta-feira, assim como lançar mão de chinelos, rasteirinhas e tomar sorvete no fim de semana. E dias depois, o frio se instalar novamente.

Ilka Elorza com roupas de brechó: uma maneira mais econômica de acompanhar com elegância a versatilidade do clima
Ilka Elorza com roupas de brechó: uma maneira mais econômica de acompanhar com elegância a versatilidade do clima | Foto: Divulgação

ARARAS DE VERÃO E INVERNO

A comerciante Maeve Mendonça - @mbazzarbrecho - é proprietária de um brechó e reconhece a saia justa que tem sido a sua rotina de atendimento ao cliente. "Uma verdadeira loucura porque há situações em que a cliente me procura para comprar estola ou mantô para o casamento, pois a previsão anterior para a data é que o clima estaria ameno e permitiria alças", relata.

Entretanto, a chegada de frentes frias exige do consumidor reforço no figurino. " Alguns não ficam à vontade de fazer mudanças e, quanto a isso, sempre oriento que não há porque se sentir desconfortável, afinal todos os convidados estarão na mesma situação e irão incluir algo para se proteger", observa.

Em relação à sua loja, Mendonça revela que está com todas as estações nas araras. "Um frio extremo, depois muito calor. Eu não posso guardar nada porque está imprevisível e quando vou participar das feiras, levo conforme a temperatura do dia", admite.

Reconhecida pelo acervo de peças diferenciadas e artigos de alto padrão, Maeve é também considerada a precursora no comércio de roupas de segunda mão e explica que além de vender, também precisa comprar e renovar o seu espaço.

"Em pleno inverno, decidi fazer um bazar e liquidei peças que são verdadeiros achados no universo da moda porque precisava ter um espaço de respiro na loja. Ao mesmo tempo, não posso comprar peças caras de inverno agora, ainda que esteja fazendo algum dia frio, porque há o risco de eu não encontrar cliente a essa altura do campeonato", explica.

Maeve Mendonça: dona do Bazzar Brechó reconhece a 'saia justa' que é vestir clientes com o clima instável
Maeve Mendonça: dona do Bazzar Brechó reconhece a 'saia justa' que é vestir clientes com o clima instável | Foto: Divulgação

Disposta e otimista, Maeve compreende que no Brasil as estações nunca foram definidas como muitos gostariam. "Essa instabilidade tem nos surpreendido a cada ano e sei que não é só em Londrina ou no Brasil. Morei muitos anos em Maiorca, na Espanha, e a última primavera foi um calor em que as pessoas descreviam que a sensação era a de estar dentro de um forno" conta. "Os extremos mexem com a saúde, o humor e os ânimos das pessoas e temos que encontrar maneiras de lidar com isso para viver bem", reflete.

Com criatividade e consumidores fiéis e que se renovam, a comerciante encontra nas redes sociais também um caminho para a venda de suas roupas e lembra que os dias frios também permitem fazer sobreposições que além de deixar a produção com mais estilo, ajudam a aquecer.

"No inverno as pessoas até gostam de olhar e compram peças de verão. Mas no verão, olham para uma roupa de inverno como um vampiro olha para uma cruz", comenta.

Ela ensina que além dos casacos clássicos e pesadões, as pessoas podem ser mais ousadas e elegantes ao apostar em cachecóis, golas de lã, chapéus e acessórios que dão mais identidade a cada um. Vale lembrar que muitas vezes essas peças estão no armário, em alguns casos tão bem guardadas que chegam a estar escondidas", sorri.

Clara Koga e Thais Russi: a semana exigiu que as camadas de roupas fossem retiradas dia após dia
Clara Koga e Thais Russi: a semana exigiu que as camadas de roupas fossem retiradas dia após dia | Foto: Walkiria Vieira

CARREGAR UMA BLUSINHA É REGRA

A estudante de Design de Moda da UEL- Universidade Estadual de Londrina, Clara Koga, admite que é friorenta. "É verdade que o clima está confuso, então sou prevenida e carrego uma blusa sempre".

Não raro, Koga comenta que precisa ir se desfazendo de camadas de roupas. "Num só dia, vivemos três estações e o meu armário é separado de modo que eu tenha praticidade. Uma porta, inverno. Na outra verão", explica. "Fico atenta à previsão para ser ágil na hora de sair e então já planejo no que irei vestir com uma certa antecedência", complementa.

A jovem faz estágio no ateliê de roupas da marca Desce do Muro - @descedomuroo - e recentemente, debaixo de um sol de 29º graus, fez um ensaio fotográfico para a proprietária da marca, Thais Russi. "Estamos produzindo material da nova estampa e particularmente produzo inverno porque comercializo para todo o Brasil, mas considero que em Londrina não haja inverno", diz Russi.

Com a proposta de valorizar a arte, a marca investe em estampas de autores, como Paulo Ito. "Essa estampa se chama contra a maré. O peixe azul nada em sentido contrário ao cardume e, com muita cor, vida e alegria, a mensagem destaca a resiliência.

O conjunto vestido por Koga na sessão de fotos é formado por uma camisa de botões de marga curta e uma bermuda com bolso faca. Alegre, despojada e atemporal, a produção permite sobreposições com cardigãs, assim com variar o calçado, de acordo com a ocasião e o clima.

Suzanny Moritz, personal organizer, sabe que com as estações indefinidas fica mais difícil deixar o guarda-roupa em ordem
Suzanny Moritz, personal organizer, sabe que com as estações indefinidas fica mais difícil deixar o guarda-roupa em ordem | Foto: Divulgação

ESTAÇÕES INDEFINIDAS EXIGEM ORGANIZAÇÂO

Quando o assunto é o guarda-roupas, a personal organizer Suzanny Moritz - @suzannymoritz - entende com propriedade e também compreende que a indefinição da estação pode deixar esse espaço da casa fora de ordem.

"Sim, isso pode contribuir para a desorganização, pois de um modo geral já é bem comum as pessoas inverterem as roupas de lugar na troca de estação. Entretanto, quando nos deparamos com uma instabilidade climática isso pode dificultar ainda mais na organização dos armários.

De acordo com Moritz, uma forma de manter os armários organizados e tentar se encontrar em meio a essa oscilação de temperatura é fundamental, antes de tudo, retirar parte das roupas que não usa mais, doar ou descartar para assim ter mais espaço para organizar as roupas da nova estação.

Ela explica que as roupas de inverno são volumosas e por isso algumas pessoas têm dificuldade em organizá-las. "Para quem tem armário pequeno o ideal é utilizar caixas organizadoras. Assim, conseguirá acessar essas peças de forma rápida, e sem precisar mudar todo o guarda-roupa. Para armários maiores tente liberar uma gaveta para acomodar essas peças que serão usadas nos dias de frio", ensina.

Outra sugestão da especialista é pendurar as peças como blusas e jaquetas e dobrar as roupas que não podem ser penduradas como tricôs e lãs ."Organize por cor para facilitar na hora de escolher um look. Aposte em peças curingas. As roupas versáteis têm vantagens que vão além de serem fáceis de combinar. Quanto mais peças curingas e versáteis você tem, menos vai sentir aquela sensação perigosa de não ter o que vestir".