Edivan Fulni-ô foi destaque do domingo no Bibliocircuito 22 de Londrina
Evento na Biblioteca Pública atualiza proposta antropofágica da Semana de Arte Moderna
PUBLICAÇÃO
domingo, 29 de maio de 2022
Evento na Biblioteca Pública atualiza proposta antropofágica da Semana de Arte Moderna
Vítor Ogawa - Grupo Folha
O cantor e compositor indígena nascido em Salvador (BA), Edivan Fulni-ô foi o destaque deste domingo (29) no evento Bibliocircuito 22 – A Vacina Antropofágica, realizado pela Biblioteca Pública de Londrina. O artista é indígena do povo Fulni-ô e Pataxó Hã hã hãe. Cantor, compositor e produtor musical que traz um novo conceito no cenário musical, artístico e dramatúrgico brasileiro. Mergulhado em estilos musicais diversos, Edivan faz parte da retomada pelo som com a Música Contemporânea Indígena e o Futurismo Indígena.
O palco foi montado na avenida Rio de Janeiro, no Centro da cidade. Segundo o cantor, os povos indígenas sempre estiveram presentes no contexto artístico, seja com seu modo de vida, a forma com que os povos indígenas lidam com a floresta e os rituais. “O dia a dia já é uma maneira artística, só que esses espaços nunca foram abertos e o que produzimos nunca foi visto como arte.” Ele ressalta a importância de se se respeitar os povos indígenas como detentores de arte e também como produtores de artes.
“Desde o momento em que os colonizadores invadiram as terras, a Pachamama , estamos sempre em um campo de guerra. Os povos indígenas não tiveram momentos de paz, e sempre há tentativas de dizimar os povos indígenas, porque são vistos como aqueles que não agregam ao progresso do Brasil e são vistos como preguiçosos, e que não agregam. Mas isso é mentira, pois 83% da biodiversidade do planeta está dentro de territórios indígenas que são defendidos pela luta indígena. Então nós, povos indígenas, vemos como um progresso é completamente contrário a esse sistema capitalista”, ressaltou.
Segundo ele, em Brasília acontecem muitas tentativas de mudar leis garantidas pela Constituição e os povos indígenas têm que estar nessa linha de frente e na defesa da Terra, na defesa da identidade, na defesa dos territórios. “A população não vê isso. A mídia internacional tem visto e se preocupado mais com isso, porque sabem que a defesa dos territórios pelos indígenas é para o benefício mundial.”
PROGRAÇÃO ESPECIAL
O Bibliocircuito 22 – A Vacina Antropofágica, foi realizado pela Biblioteca Pública de Londrina entre os dias 27 e 29 deste mês e contou com programação especial de shows, palestras, exposição, cortejo e sarau antropofágico.
Além do show de Edivan Fulni-Ô, no domingo à tarde foi realizado um show com a banda Cabeça de Cobre com Caburé Canela, em um palco montado em frente da biblioteca, com composições de Carolina Sanches, Lucas Oliveira e Pedro José, com arranjo musical coletivo.
Renato Forin Jr, um dos curadores do evento, ressaltou a presença de Rudá K. de Andrade, neto de Patrícia Galvão (Pagu) e Oswald de Andrade, que realizou uma conferência, mas enalteceu também a atualização dessas vozes que reivindicam uma descoberta do Brasil.
“Por isso a presença de artistas como Edivan Fulni-ô e banda, sendo da tribo dos Fulni-ô no Nordeste. Nós temos Fulni-ô aqui em Londrina também e que se projetam no campo da literatura contemporânea. Já a Luiza Romão faz uma literatura feminista, uma slammer, uma literatura no campo da oralidade.”, destacou.
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