Esteban Tavares traz suas raízes para Londrina, pela primeira vez, para um evento em dose tripla neste sábado (24). Numa conexão Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, o músico gaúcho se apresentará no palco do Cultural Hall às 22h, acompanhado pela banda potiguar Plutão Já Foi Planeta. A noite também terá a participação especial da cantora e compositora Bruna Ryan, que fará a abertura do show.

Aguardada pelos fãs, esta é a primeira apresentação solo de Esteban Tavares na cidade, com 12 anos de carreira só neste projeto. O ex-baixista da Fresno tocou em terras londrinenses pela última vez, ainda com a banda, em 2009. Agora, traz a turnê “Entressafra”, em referência ao último trabalho de estúdio, produzido durante a pandemia em formato acústico e lançado em janeiro deste ano.

Enquanto isso, o Plutão Já Foi Planeta, em sua turnê "Em Todo Canto”, apresenta músicas do álbum de 2023, que carrega o nome da banda e que estreia a vocalista Cyz Mendes. O trio conta ainda com Sapulha Campos e Gustavo Arruda nas guitarras.

A banda foi vice-campeã do reality SuperStar, da Rede Globo, em 2013, e ganhou destaque nacional desde então. Com um repertório voltado para o rock e o indie pop, coleciona participações em grandes festivais como Rock in Rio e Lollapalooza.

O evento é organizado pela Duo Produções Artísticas. Os ingressos estão disponíveis no último lote a partir de R$ 95, com três opções de setores, sendo dois com direito a encontro e foto com os artistas. As vendas são realizadas pela plataforma Sympla.

UM MÚSICO INQUIETO

Rodrigo Tavares é um velho conhecido da música nacional, tanto pelo seu trabalho solo quanto pela contribuição na banda Fresno entre 2006 e 2012. O artista, nascido em Camaquã (RS), também já formou dupla com Humberto Gessinger, líder do Engenheiros do Hawaii, de 2013 a 2015.

Apesar de ser mais chamado por Tavares, o músico adotou o pseudônimo Esteban para seu projeto solo, que teve início com o álbum “¡Adios Esteban!”, em 2012. O disco de estreia abriga canções nostálgicas para os fãs mais antigos, como “Canal 12”, “Pianinho” e “Sophia” – responsável por impulsionar o sucesso na época. Hoje, conta cinco álbuns de estúdio em sua discografia.

Tavares foi uma personalidade referência no movimento emo nos anos 2000. Embora tenha iniciado a carreira com os dois pés no rock, ele tem se desprendido cada vez mais das limitações do estilo e se afastado das guitarras distorcidas que popularmente caracterizam o gênero. Nos últimos anos, em suas produções, ele incorporou ritmos gaúchos, como a milonga, e explorou instrumentos pouco convencionais, como o acordeão. Com notável influência da cultura de países vizinhos, ele também não esconde a sua paixão, em especial, pela música argentina e sua admiração por músicos como Fito Páez.

Em entrevista à FOLHA, Tavares confirma a primeira vinda para Londrina com o projeto solo, sendo também a única cidade do Paraná em sua agenda antes do hiato que pretende fazer na carreira. Considerando a ocasião, o setlist do show desta sexta-feira (24) se dedicará a apresentar o material de todos os discos, revisitando canções que marcaram a sua trajetória.

“É um repertório totalmente diferente. Vou pegar o que as pessoas mais gostam ou mais gostaram do que eu lancei nesses anos para eles terem essa primeira experiência de me ver tocando na cidade. Nesse primeiro show, a minha ideia é fazer o pessoal sair de lá feliz, porque muitos não tiveram a chance de me ver tocando com esse projeto legal”, garante.

Em março deste ano, ele divulgou um vídeo em suas redes sociais revelando o diagnóstico de epilepsia primária, decorrente de privação de sono e estresse, e anunciou pausa temporária na carreira, a pedido médico. Pelo período de três meses, Tavares pretende descansar e focar no tratamento da doença, mas tranquiliza os fãs sobre os rumores iniciais de abandonar a música.

“Mas isso não quer dizer também que eu não vá estar gravando meu disco novo como Esteban. Não quer dizer que a gente não vai começar a gravar a banda nova também e que eu não vou estar em comunicação direta com os fãs. Só realmente a estrada eu vou ter que parar um pouquinho”, explica. O último show desta temporada está marcado para o dia 9 de junho, em São Paulo.

PROJETOS FUTUROS

Como prova, o multi-instrumentista aproveita para compartilhar seus projetos futuros. Longe dos palcos pelos próximos meses, Tavares pretende se renovar ainda mais artisticamente e explorar o estúdio em sua casa para tirar ideias do papel com a proposta de uma nova banda – desta vez, um pouco diferente do que os fãs estão acostumados.

“Tenho me inspirado muito em uma cena argentina nova, que mescla um pouco de R&B com um pouco daquele funk americano dos anos 70”, diz. Com isso, ele pretende formar uma banda com músicos experientes para lançar um disco com essa sonoridade, focando em contrabaixo, bateria e vocais e investindo até mesmo em técnicas de gravação da época. Os integrantes ainda estão sendo selecionados. Ele conta que a ideia foi influenciada pelo documentário “A Noite Que Mudou o Pop”, sobre a clássica “We Are the World", pelos primeiros discos de Michael Jackson e pela sua admiração pelo produtor norte-americano Quincy Jones.

“É aquela coisa do músico inquieto, porque eu sou um cara bem inquieto. Então é botar mais um trabalho na vida. É até um desafio para mim, porque a saída da Fresno foi no sentido também de me desafiar para ver se eu conseguiria fazer outra coisa. E aí, depois de tanto tempo de Esteban, eu estou atrás de me desafiar de novo”, finaliza.

Imagem ilustrativa da imagem Esteban Tavares se apresenta pela primeira vez em Londrina com Plutão Já Foi Planeta

A NOVA FASE DE PLUTÃO

De região completamente oposta a Esteban Tavares, a banda Plutão Já Foi Planeta, formada em Natal (RN), completou 10 anos de estrada em 2023. No mesmo ano, lançou um álbum homônimo, que não apenas marcou a chegada de Cyz Mendes à formação, mas também inaugurou uma nova fase para o trio.

A banda passou por diversas formações desde o seu início. Em 2020, a cantora e compositora Natália Noronha deixou o grupo para seguir carreira solo. Cyz, que ganhou destaque após participar do programa “Canta Comigo”, da Record, em 2018, e também estava focando no próprio projeto musical, aceitou felizmente o convite e entrou logo em seguida.

Para a FOLHA, ela afirma que integrar uma banda com uma sonoridade diferente da que estava acostumada em seus trabalhos, distante das canções em inglês e com vocal mais agressivo, foi uma surpresa para quem a acompanhava e o “casamento perfeito” para o seu momento.

A partir disso, ela explica que a decisão de colocar o nome da banda no título do álbum serve para mostrar que, mesmo após uma década e nova formação, são a mesma banda – com novas influências, mas também respeito pela origem de tudo. “A gente continua sendo Plutão e tendo a mesma essência. A gente continua sendo aqueles dois caras lá do Rio Grande do Norte, que se uniram agora com a menina do Norte, e todo mundo está na mesma luta para viver de música em São Paulo e continuar lançando, continuar fazendo muito show”, explica.

Quanto à estreia do disco, ela afirma que foi uma mistura de felicidade e alívio, já que, agora, a banda se sente mais confortável para ir apresentando gradativamente o híbrido que há entre Cyz Mendes com o Plutão que já existia. A nova versão da banda pretende apostar em um som cada vez mais enérgico, e a comprovação foi divulgada há exatamente uma semana, com o lançamento do single “Ísis”.

Na música, não é apenas a nova intensidade da banda que se destaca, mas também a história por trás da letra. Ela surgiu a partir de uma campanha que foi estendida ao público para que compartilhassem suas histórias, visando à criação de uma canção personalizada. A narrativa escolhida foi a de Ísis, uma mulher neuroatípica no espectro autista, e sua mãe. “É uma carta de amor às mães atípicas, sobre como elas entendem tudo o que a filha autista ou o filho autista tem dificuldade para se expressar”, define.

“Existe uma intenção dela fazer parte de um deluxe desse álbum, então a gente pretende, pelos próximos meses, lançar uma versão estendida dele com algumas coisinhas a mais, quem sabe um feat., quem sabe um remix, uma música mais acelerada…”, revela a vocalista.

E os próximos projetos não param por aí: “O quarto álbum não é bem um quarto álbum. E agora, aqui, eu já vou entregar o rolê, porque acho que não falei isso ainda: a gente vai regravar o primeiro álbum, “Daqui pra Lá”, como uma versão de 10 anos dele, porque ele faz 10 anos em setembro”, anuncia Cyz, em primeira mão.

SERVIÇO

Show de Esteban Tavares e Plutão Já Foi Planeta, com Bruna Ryan

Quando: nesta sexta-feira (24), às 22h

Onde: Cultural Hall Londrina (R. Prof. João Cândido, 1156 - Centro)

Quanto: último lote a partir de R$ 95, à venda pela Sympla

(https://www.sympla.com.br/evento/esteban-tavares-plutao-ja-foi-planeta/2402080)