O último dia de junho foi movimentado no centro de Londrina. Quem passou pelo Calçadão da avenida Paraná neste domingo (30) pôde aproveitar a segunda edição da Feira Flua Cultura, que fez uma festança de São João. As atividades começaram ao meio-dia com apresentações artísticas, oficinas, comidas típicas e exposição de produtos oriundos da economia criativa. Até o tempo colaborou, com agradáveis 20° C e céu limpo.

O diferencial da feira é uma ajuda de custo de R$ 250 para cada expositor e cachê de até R$ 1 mil para as atrações artísticas. Uma primeira edição aconteceu em maio, na Funcart (Fundação Cultura Artística de Londrina), e outras duas ainda ocorrerão neste ano em agosto, para o Dia dos Pais, e em outubro, no Dia das Crianças. O acesso é gratuito.

Os artistas Marina Dasaque e Den Macedo, do Primavera Jataí, animando o público com o Gigantes de São João, uma performance de pernas de pau
Os artistas Marina Dasaque e Den Macedo, do Primavera Jataí, animando o público com o Gigantes de São João, uma performance de pernas de pau | Foto: Douglas Kuspiosz

O coordenador de produção da feira, João Ribeiro, explica que por existir uma fonte de financiamento - a Lei Paulo Gustavo - e se enquadrar como incentivo à economia criativa, há possibilidade de apoio financeiro para os participantes. O edital da próxima edição será aberto no dia 9 de julho.

“Por se tratar de uma feira criativa, entendemos que um critério importante para as participações são os produtos que envolvem processos criativos. Seja na cerâmica ou na alimentação, é muito importante na abordagem do processo desses produtos”, aponta.

Segundo Ribeiro, a organização entendeu ser necessário, nas edições deste ano, também contemplar o espaço público. “Utilizar esse espaço, que é o centro histórico da cidade, e que precisa de vitalidade e atividade cultural para se manter vivo. Ficamos muito felizes de fazer a feira aqui hoje.”

‘DESSE TRIO SÓ SAI FORRÓ’

Logo que as atividades começaram, os artistas Marina Dasaque e Den Macedo, do Primavera Jataí, já estavam animando o público com o Gigantes de São João, um espetáculo de perna de pau. Ficar parado, inclusive, não é uma opção para a dupla, que aproveitou o forró do Trio Maestra para dançar com quem passava pelo Calçadão.

“É uma parte técnica da perna de pau. Não temos tempo de um equilíbrio, são pouquíssimos segundos que você pode ficar parado. Então, a dança é muito mais fluída”, conta Dasaque, que mesmo assim não deixou de posar para fotos com a criançada.

“Desde a primeira edição estamos colaborando da forma que a gente consegue, já participamos com um espetáculo, voltamos com o circo de bambu e agora com a perna de pau”, explica Macedo. “Eu acho super importante ocupar os equipamentos, e acho que a Flua Cultura faz isso muito bem, com diferentes linguagens.”

Do lado musical, quem deu o pontapé na festança foi o Trio Maestra, formado por Thainara Pereira, Diego Loman e Rodolfo Rainer. E do grupo só sai forró, como garante Pereira. “O surgimento da banda veio de um desejo nosso de tocar e pesquisar forró. Então, desse trio só sai forró. Trouxemos um compilado das nossas preferidas”, conta.

Segundo Loman, o grupo acredita e gosta de participar de eventos culturais que têm a proposta de compartilhar os espaços públicos.

Com atrações artísticas, produtos gastronômicos, artesanato, chás, aromas e cerâmicas, a Feira Flua Cultura animou o Calcadão neste domingo (30)
Com atrações artísticas, produtos gastronômicos, artesanato, chás, aromas e cerâmicas, a Feira Flua Cultura animou o Calcadão neste domingo (30) | Foto: Douglas Kuspiosz

‘MOSTRAR O TRABALHO’

Entre os vários expositores da feira está o ilustrador Gabriel de Menezes, que levou gravuras, prints digitais e xilogravuras. Essa foi sua primeira participação em uma feira ao ar livre. “É uma coisa que eu sempre senti falta de participar, como artista. E, também, vir para conhecer o trabalho das outras pessoas. É uma iniciativa legal para a cidade e uma oportunidade para mostrarmos nosso trabalho”, aponta.

Quem também ficou animada com a participação foi a ceramista Natália Andreetta, que expôs peças que têm a cara do inverno. “Estamos no São João e é muito legal”, afirma.

O técnico social Murilo Pessoa avalia que, nos últimos anos, ocorreu uma desocupação popular dos espaços públicos de Londrina. Por isso, são importantes as iniciativas que levam às pessoas para esses locais compartilhados e que são marcantes para a cidade.

“É um espaço também cultural, não um espaço só da correria do dia a dia”, aponta. “Podemos ressignificar no final de semana. Para a população, é um ganho.”

Além do forró, o público pôde curtir a música regional do duo de acordeom e violão As Gauchinhas e a força da percussão do Baque de Obá Kossô, que encerrou a programação.

CONEXÃO CULTURAL

O coletivo Flua Cultura surgiu em 2019 com a proposta de ser uma plataforma para conectar o público londrinense à produção cultural da cidade. Após a pandemia da Covid-19, contudo, foi necessário redesenhar a atuação do coletivo.

“Uma das primeiras ações que fizemos, em parceria com a Funcart, foi uma feira no final de 2022, de forma independente e sem patrocínio”, diz o produtor, que conta que o coletivo buscou formas de financiamento após essa experiência.

“Formatamos o projeto, conseguimos o patrocínio da Lei Paulo Gustavo, que foi toda sistematizada pela Secretaria Municipal de Cultura, e conseguimos o financiamento para realizar quatro edições da feira”, completa Ribeiro.

João Ribeiro, um dos coordenadores da feira: “Por se tratar de uma feira criativa, entendemos que um critério importante para as participações são os produtos que envolvem processos criativos"
João Ribeiro, um dos coordenadores da feira: “Por se tratar de uma feira criativa, entendemos que um critério importante para as participações são os produtos que envolvem processos criativos" | Foto: Douglas Kuspiosz