Na manhã do dia 11 de dezembro de 2023, moradores da região central de Londrina foram pegos de surpresa com o fechamento dos três mercados da rede Musamar. Quase sete meses depois, quem mora na região central, principalmente idosos, ainda sente falta de ter um mercado próximo de casa.

José Francisco Farias, mais conhecido como Teno, tem 78 anos e mora no edifício Centro Comercial já tem 40. Quando o Musamar da Rua Souza Naves ainda estava em funcionamento, ele chegava em poucos passos até lá. Agora, se precisar comprar algo, tem que andar por pelo menos sete minutos até o mercado da Rua Brasil, de uma a duas vezes por semana. “A dificuldade que tenho é de caminhar, ainda mais a volta que é subida e ainda precisa vir com o peso das sacolas”, desabafa. Sr. José também conta que um mercado próximo faz falta para todos os moradores do prédio, principalmente para as senhoras que gostam de cozinhar. “Às vezes falta fermento para a receita e elas precisam ir até a rua Brasil para comprar apenas um ingrediente.”

Mesmo que tenha dificuldade, sr. José ainda consegue ir até o mercado andando, diferente de Vicente Alves Ferrer, um senhor de 88 anos. Um dia, ele ajudou na construção do prédio que vive hoje, mas agora, por conta da distância, não tem autonomia para fazer as próprias compras. “Eu ia todos os dias no Musamar para comprar pão e leite, mas com o problema do joelho e a necessidade da bengala, não consigo andar até o outro mercado”, explica. Agora, quem enche a dispensa da casa dele é a filha, que compra tudo o que ele precisa e também leva o almoço e jantar todos os dias. Além dela, sr. Vicente também conta com a ajuda de alguns moradores do edifício Centro Comercial. “Tem gente aqui que me ajuda, que compra algumas coisas quando preciso. Hoje a minha vizinha perguntou se eu precisava de algo e eu pedi duas cenouras. Eu dou cenoura todos os dias para o meu cachorrinho, então não posso ficar sem”, complementa.

José Francisco Farias e Vicente Alves Ferrer
José Francisco Farias e Vicente Alves Ferrer | Foto: Maria Tereza Nascimento

Atualmente, o edifício Centro Comercial tem 213 apartamentos ocupados, com uma média de 800 moradores. De acordo com o porteiro José Carlos Machado, 70% são idosos. “A maioria deles eram clientes fiéis do Musamar, então o mercado faz falta. Todo dia alguém passa aqui e reclama que sente falta”.

Fachada do edifício Centro Comercial
Fachada do edifício Centro Comercial | Foto: Maria Tereza Nascimento

Para quem costumava frequentar o Musamar todos os dias, um mercado ao lado de casa faz falta. A sra. Ziza Ogata tem 77 anos e era cliente fiel, “eu ia todo santo dia no Musamar, comprava batata, cenoura, arroz, feijão, comprava de tudo ali”, detalha. Depois que o mercado fechou, ela acabou ficando de cama e não conseguia ir tão longe fazer suas compras. Por conta disso, ficou com pouca coisa na geladeira durante alguns dias. Hoje em dia, ela precisa caminhar até a Av. Rio de Janeiro para fazer as compras de casa. Quando quer comprar carne, ela prefere ir até o mercado da Rua Brasil, mas como não consegue mais ir com tanta frequência, “sempre opto por cortes que são fáceis de congelar e não estragam rapidamente”.

Sra. Ziza Ogata indo fazer as compras
Sra. Ziza Ogata indo fazer as compras | Foto: Maria Tereza Nascimento

Além dos moradores, comerciantes que ficam no centro também foram impactados com a falta de um mercado. Jaime Mendes Gomes tem 72 anos e é dono do “Bar do Jaime” já tem 52. “Faz falta, qualquer lugar que para aqui faz falta. Eu ia ao Musamar todos os dias”, comenta. Sábado à tarde era o momento sagrado dele ir fazer compras, tanto para o bar quanto para a casa, mas agora precisa ir até o mercado para abastecer a dispensa.

Sr. Jaime Mendes Gomes fazendo coxinha no “Bar do Jaime”
Sr. Jaime Mendes Gomes fazendo coxinha no “Bar do Jaime” | Foto: Maria Tereza Nascimento

Agora, o que estampa a fachada do antigo mercado Musamar não são mais os valores dos condimentos ou a promoção do dia, mas um “aluga” e “vende”. Depois de tanto tempo, a comunidade carece de um supermercado que atenda às necessidades do dia a dia, mas já não têm mais esperança de que algo novo chegue por ali.

Fachada do antigo supermercado Musamar
Fachada do antigo supermercado Musamar | Foto: Maria Tereza Nascimento

*estagiária sob supervisão de Patrícia Maria Alves (editora).

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Imagem ilustrativa da imagem Em Londrina, moradores de um centro mais velho sofrem com a falta de mercados na região