Um dos maiores especialistas em auroras boreais do mundo é paranaense. Nascido em Curitiba, o fotógrafo e empresário Marco Brotto transformou o hobby de caçar o fenômeno natural, em negócio.

“A minha profissão de guia e caçador de aurora boreal não foi uma ideia que surgiu pensada. Na verdade, caiu no colo para mim. Eu fazia viagens turísticas com amigos para ver a aurora, um dia uma agência me chamou para conversar e perguntou se eu não queria levar um grupo deles, porque eles tinham ido três vezes para região ártica e não tinham conseguido ver a aurora. Nessa mesma época, eu estava na Noruega caçando aurora e eu estava vendo”, disse à FOLHA.

Mas antes de continuar a história do Brotto, vamos explicar o que é aurora boreal. O fenômeno costuma acontecer em regiões polares, no extremo norte do planeta, e só é possível quando partículas carregadas de energia são empurradas para a Terra e interagem com a atmosfera, gerando as luzes nas cores verde e vermelha, principalmente.

“Rússia, Noruega, Finlândia, Suécia, Islândia, Groelândia, Ilhas Faroé, Estados Unidos e Canadá. Esses são países em que normalmente se vê aurora”, explicou Brotto.

Quando soube disso, em 2008, o empresário comprou um pacote de viagens e decidiu ir viver essa experiência. Foram dez dias de navio, sem conseguir enxergar nada de aurora. Brotto já estava desenganado, mas não desistiu. Até que em 2011, a mágica aconteceu.

“Por incrível que pareça, a primeira vez que eu vi a aurora boreal eu senti um medo. Eu estava sozinho no meio da Noruega e, na realidade, eu não sabia o que estava esperando. Isso foi em uma época em que poucas fotografias rolavam pela internet, o assunto era desconhecido. Até que na última noite na Noruega, eu estava fotografando o céu que estava limpo e, de repente, começou a surgir um negocinho verde no canto da câmera. Eu olhava para cima e não via, só via na câmera. Então, eu resolvi virar para o outro lado e, quando eu virei, vi que tinha um monstro verde em cima de mim. No primeiro instante, eu pensei: o que é isso? Logo em seguida fui me acostumando e contemplando, e a paixão veio”, contou à FOLHA.

Naquela época, Brotto não queria mais saber de empreender. Ele, que já teve comércio de roupas, móveis, restaurante e foi até vice-presidente do Coritiba (1996-2000), só queria o sossego para curtir o hobby sempre que viajava.

“Desde jovem eu fui muito empreendedor, já tive loja de roupas, bar, restaurante, distribuidora de plástico. Em determinado momento da minha vida, eu não queria mais ter funcionários, cheguei a ter 150, e não quis mais. Mas aí essa surpresa, para que a gente tivesse uma qualidade melhor, maior segurança nas operações, eu montei a minha operadora de viagem e retornei ao mercado empreendendo nesse ramo que traz tanta felicidade para as pessoas”, lembrou.

Até a publicação desta reportagem, o empresário tinha na conta 148 expedições concluídas e, segundo ele, em todas elas conseguiu ver auroras.

“Os segredos para encontrar a aurora: primeiro deles, é paciência; o segundo, é paciência; e o terceiro, mais um pouquinho de paciência; e o quarto é vir comigo. A gente estuda, alguns fatores são muito importantes, como o céu limpo”, brincou.

Para o caçador de auroras, o maior pagamento é ver as pessoas realizando celebrando ao se depararem com o fenômeno. “Com relação à aurora, existem várias situações emocionantes, mas a maior é ver pessoas vendo pela primeira vez e tendo sonho desde criança, se emocionando de maneira fantástica”, concluiu.