A confirmação de três novos casos da variante delta no Paraná, um deles em Rolândia, colocou a Região Metropolitana de Londrina em estado de alerta sobre o possível avanço da cepa indiana do vírus Sars-CoV-2. Enquanto os quatro primeiros casos foram encontrados em um mesmo núcleo familiar, em Apucarana (Centro-Norte), os três novos foram identificados aleatoriamente em três municípios diferentes, o que levou a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) a considerá-los "isolados" e descartar que esteja havendo a transmissão comunitária. Após a divulgação, o prefeito de Rolândia, Aílton Maistro (PSL), foi questionado e disse confiar nas diretrizes repassadas pela pasta. Ele também descartou endurecer as medidas de isolamento social no município neste momento.

Imagem ilustrativa da imagem “Se for preciso, vamos endurecer as medidas”, diz prefeito de Rolândia
| Foto: Sergio Ranali-31/07/2015

Considerada mais letal e transmissível, a variante foi identificada em uma moradora de Rolândia de 59 anos. Ela chegou a ficar internada, mas teve alta hospitalar no dia 12 de junho e segue sendo monitorada.

Ainda de acordo com a Sesa, os outros dois casos são um idoso de 60 anos que mora em Francisco Beltrão e um homem de 28, de Mandaguari. Enquanto o idoso precisou ficar internado por oito dias com dificuldades para respirar, o homem teve o quadro de saúde agravado e morreu, no dia 29 de junho. Somadas as quatro pessoas de uma mesma família, em Apucarana, o estado registra sete casos confirmados da variante e três óbitos.

“Preocupação nós temos sempre, tanto que seguimos integralmente o decreto do estado", disse Maistro na tarde desta sexta-feira (9), após a secretária municipal de Saúde de Rolândia, Paloma Pissinati, ter sido proibida por Beto Preto de dar mais detalhes à imprensa. A entrevista coletiva convocada pelo município foi cancelada minutos após a ordem do secretário de Estado da saúde do Paraná, que solicitou a centralização das informações sobre o tema na assessoria de imprensa oficial do Estado.

A mutação do vírus descoberta em outubro do ano passado, na Índia, chegou ao Paraná há pelo menos três meses. O primeiro caso foi descoberto em uma idosa de 71 anos, moradora de Apucarana. A partir de resultado de outras investigações epidemiológicas, o segundo caso foi identificado: trata-se de uma gestante que veio do Japão e morreu no dia 18 de abril. Ela teria tido contato com a filha do primeiro caso.

Enquanto o marido desta idosa, que tem 74 anos, foi o terceiro caso identificado, o filho do casal, que morreu aos 58 anos no dia 14 de maio, foi considerado o quarto caso da variante delta no Estado.

MEDIDAS

Questionado, o prefeito de Rolândia disse que vai endurecer as medidas de isolamento apenas se for necessário. "Mas eu tenho certeza que isso aí vai passar rapidinho, vamos ver os dados que eles vão apresentar”, completou o prefeito em alusão ao trabalho que vai ser realizado por técnicos do Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde no Paraná nas cidades em que os casos foram encontrados.

Com 5.868 casos confirmados e 187 óbitos desde o início da pandemia, Rolândia registra índice médio de imunização em grupos prioritários de apenas 12,9%, segundo boletim emitido pela Prefeitura nesta quinta-feira. Nas ruas, muitos moradores deixam de usar máscaras, enquanto bares e lanchonetes desrespeitam as diretrizes estaduais. "A gente fica um pouco assustado. Não sabia que tinha. Eu ouvi que ela é mais forte e o processo de levar à morte é mais rápido", lamentou a pastora evangélica Fernanda da Silva, 31.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com a Sesa, servidores do EpiSUS (Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde, vão dar início a uma busca nas localidades em que os casos foram confirmados. Este trabalho deverá começar pelos familiares até alcançar vizinhos e outros moradores contaminados, que também poderão ter as amostras de testes RT-PCR positivos para a Covid-19 analisadas pela FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Paralelamente, o Lacen (Laboratório Central do Estado), continuará enviando amostras para o monitoramento das cepas circulantes no Paraná. Até o momento, 24 linhagens do vírus já foram identificadas no estado através do sequenciamento genômico feita pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e Funed (Fundação Ezequiel Dias).

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