Masayoshi "Mike" Morimoto foi presidente da Sony Manufacturing Company of America de 1983 a 1987 e da Sony Brasil de 1987 a 1995
Masayoshi "Mike" Morimoto foi presidente da Sony Manufacturing Company of America de 1983 a 1987 e da Sony Brasil de 1987 a 1995 | Foto: Mie Francine Chiba

Quem vê o humilde senhor japonês de 80 anos conversando com a reportagem da FOLHA no saguão de um hotel da cidade misturando português, espanhol e inglês não imagina que ele foi presidente da Sony Brasil e Sony Manufacturing Company of America por mais de dez anos. Masayoshi “Mike” Morimoto esteve na cidade no início desta semana para uma palestra sobre “O legado dos nikkeis para o mundo atual e futuro”, promovido pelo Integranikkey. Desde que se aposentou, ele se dedica à Associação dos Nikkeis e Japoneses no Exterior (The Association of Nikkei & Japanese Abroad), e visita o Brasil anualmente para palestras como diretor da entidade.

Morimoto foi presidente da Sony Manufacturing Company of America de 1983 a 1987 e da Sony Brasil de 1987 a 1995. Em entrevista, ele conta que a companhia passou por altos e baixos no País. “Mundialmente, a Sony era bastante famosa, muito lucrativa. Menos no Brasil, porque aqui teve a experiência da hiperinflação em 87, 88, 89. Mas depois, com a criatividade, a imaginação dos engenheiros brasileiros, fizemos um sucesso muito grande.”

Ele conta que, nesse período, o Ministério da Fazenda proibiu a Sony de subir os preços dos seus produtos. Foi aí que o “jogo de cintura” dos engenheiros brasileiros entrou em ação. “Na época da hiperinflação, o ministro da Fazenda disse não ao aumento de preços. Ok, não aumentamos o preço, mas se alterarmos o desenho (do produto), algo assim, é um novo produto, não? Nesse caso, podemos colocar qualquer preço.”

Nos anos de 1995 e 1996, por outro lado, a Sony esteve em seu auge no Brasil. “Em 95, 96, em dois anos pelo menos, o lucro líquido (da Sony Brasil) foi o melhor das subsidiárias do mundo. Melhor que da Sony Estados Unidos, melhor que da Sony Europa”, conta Morimoto.

Na época, o produto que era o carro-chefe da marca no País era o televisor colorido de 26 polegadas. Segundo o ex-presidente da Sony, a marca era a única que produzia televisores desse tamanho. “Para impressionar o mercado brasileiro com o televisor colorido de 26”, que era muito grande para a época, eu contratei o Zico como garoto propaganda”, lembra.

Para Morimoto, o grande diferencial da marca no mercado de eletrônicos foi a inovação. As maiores inovações da Sony, na sua opinião, foram fazer produtos em tamanho compacto – como o Walkman - e o PlayStation, na sua atuação no mercado de entretenimento.

Hoje, mesmo que a marca já tenha se retirado de alguns segmentos importantes de mercado devido à concorrência, a Sony está se desenvolvendo em outros setores, como o financeiro, destaca Morimoto. “Agora (a Sony) ganha muito dinheiro com operações de banco e seguros.” Para o ex-presidente da Sony, os produtos intangíveis, como software, hoje são a melhor aposta para o mercado de tecnologia. Para entender isso, basta olhar para o exemplo de empresas como Google e Amazon.