Há quase oito meses o Movimento de Resistência Islâmica, popularmente conhecido como Hamas, teve a infeliz e condenável iniciativa de atacar o Estado de Israel. Houve reação das forças de defesa de Israel que já duram 8 meses, condenável por nove entre dez nações do mundo diante da agressividade e quantidade de civis mortos ─ 36.000 – ao que se sabe, e não para.

As razões que fizeram o Hamas praticar essa barbárie poucos conhecem, qual seja, a população da Faixa de Gaza vive como se fosse em um gueto, como viveram os judeus na Polônia e em outros países, ou num campo de concentração, como os judeus viveram aos milhares durante a Segunda Guerra Mundial, humilhados e vilipendiados pelos nazistas, exatamente como vive a população da Faixa de Gaza, mediante ações perversas, constantes e permanentes do governo israelense ─ notem que me refiro ao governo ─ e não ao povo israelense.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, é, sem dúvida, além de crápula, um corrupto que está sendo processado e será julgado pela Corte Suprema de Israel. Trata-se de um criminoso de guerra, um homicida sanguinário igual aos nazistas que martirizaram os judeus. A escola facínora de Hitler foi bem recepcionada por ele, que pratica os mesmos crimes do Führer.

Após o covarde ataque a Hafah, cidade que abriga centenas de milhares de refugiados palestinos, sem defesa, ele, desavergonhadamente disse que foi um erro trágico, como se todos não soubessem que se tratava de outro falso discurso, visto se tratar de um ataque premeditado, planejado, tanto que um dia após ordenou outro ataque à cidade matando outras dezenas de civis, tudo, segundo o Calígula judeu justificado, pois pretendia eliminar dois terroristas que estariam lá.

A Corte Internacional de Justiça já condenou o governo israelense pela prática de genocídio, sendo que 147 países do mundo já reconheceram a Autoridade Palestina como Estado, o Estado Palestino. Os apoiadores de Israel, EUA, Reino Unido, França e outros poucos se recusam a reconhecer a Palestina como Estado, sendo, portanto, cúmplices da matança perpetrada por Benjamim Netanyahu.

Karl Marx, filósofo, sociólogo, historiador e economista, em texto publicado em 1852, sobre o golpe de Estado realizado por Luís Napoleão, eleito democraticamente presidente da França, e que três anos após resolveu impor uma ditadura, esse episódio o inspirou a repetir no seu texto a célebre frase de autoria de Georg Hegel, o qual disse que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes, a primeira vez como tragédia, a segunda manipulada, como se fosse legítima. Esta frase recuperava a história, visto que anos antes Napoleão Bonaparte, o primeiro, também fora autor de um golpe, que se repetiu com seu sobrinho.

Constata-se que atualmente Benjamim Netanyahu repete a mesma tragédia que Hitler cometera com milhões de vidas – apenas russos, foram vinte milhões —, e com os judeus, ciganos, negros, democratas, gays do restante da Europa, outros seis milhões. Essa desgraça não serviu de lição para Benjamim Netanyahu, ao contrário, o estimulou a reproduzi-la com o povo palestino.

Sou testemunha visual, presencial e auditiva de como as forças de Israel tratam os palestinos. Vindo de Amã, capital da Jordânia, resolvi entrar na Cisjordânia pela ponte Allenby sobre o rio Jordão, próxima da cidade de Jericó. Fiquei surpreso ao chegar ao posto de imigração, dado que lá estava um tenente das forças de defesa de Israel, embora a Cisjordânia seja território palestino, e não israelense. Ao questionar-me para onde iria, respondi que iria à Belém, Hebrom e Ramallah, todas situadas na Cisjordânia e não em Israel, sendo a última a capital do Estado Palestino. Quase fui preso ao dizer que iria visitar Ramallah, e quase não obtive o visto ─ supremo absurdo ─, visto de entrada em Israel! Vejam, repito, o absurdo: estava ingressando na Cisjordânia, Estado Palestino e o visto concedido foi para Israel, ou seja, para eles, o Estado Palestino não existe! São humilhados dentro do seu território!

Consegui um táxi palestino que me levou primeiro a Hebrom, depois a Belém e finalmente fui pernoitar em Ramallah. Dias depois, após visitar Jerusalém e Nazaré, fui a Tel Aviv, e lá contratei um taxista para me levar a Eilat, divisa sul com a Jordânia, sendo que o meu real desejo era passar próximo da Faixa de Gaza. Ao chegarmos à cidade de Yad Mordekhay o veículo saiu à esquerda, passando próximo à divisa de Gaza, e mais adiante, nas cidades de Sa’ad e Magén. Lá, quase fui preso novamente pelas forças de defesa de Israel! Vocês desejam saber o motivo? Foi porque, como turista, não poderia visitar aquela região, e pediram minha máquina fotográfica para visualizar as fotos, e também o meu celular, ou seja, era proibido fotografar a infâmia, o gueto, o campo de concentração que é a Faixa de Gaza. A história, como disse Hegel, se repete, agora com os judeus israelenses praticando o genocídio antes praticado por Hitler! Essa é, sem dúvida, uma perturbante verdade!

Almir Rodrigues Sudan, graduado em direito, economia e jornalismo, autor do livro Apash e descendente de judeus.