Tenho acompanhado o debate acerca da pujante vida noturna nessa icônica rua gastronômica, e analisei os argumentos tanto dos consumidores quanto dos representantes dos estabelecimentos à luz da legítima manifestação dos moradores do entorno. Para além disso, frequentei, prazerosamente, os bares e restaurantes, e cheguei a uma conclusão que a princípio poderá colaborar com a necessária harmonia de todos, num ato que pode ser experimentado sem maiores mudanças, mas com efeitos benéficos imediatos, numa simples espécie de ajustamento de conduta: substituam os copos descartáveis por aqueles de vidro, e ao invés dos produtos serem fornecidos mediante prévio pagamento, abram contas/comandas, a serem pagas ao final, no momento de ir embora, como fazem vários bares e restaurantes.

É de se notar que a utilização do copo descartável é justificável em eventos onde não há o estabelecimento fixo, como, por exemplo, nos eventos de terça e sexta-feira na Concha Acústica; mas na rua Paranaguá, não, todo o comércio é fixo, a justificar o copo durável, de vidro.

Nesse simples gesto, os consumidores, em vez de circularem pela calçada (pois a conta já está previamente paga e o copo é descartável, como está acontecendo atualmente) serão motivados a permanecer confortavelmente em seu interior, pois haverá uma conta em aberto e o copo é de vidro, ou seja, devendo continuar no estabelecimento.

Afinal, para frequentá-los, deverá haver o espaço para acomodação, conforme as diretrizes de lotação autorizada pelo Corpo de Bombeiros, com a capacidade de público previamente estabelecida naquelas placas verdes fixadas na parede. Um gesto possível, viável, de baixíssimo investimento (apenas a aquisição dos copos de vidro e a utilização do sistema de conta/comanda). Esse ato simples, espontâneo e sincero, além de aumentar a qualidade visual e sensorial da degustação dos drinks, destilados e das cervejas, traz evidente benefício ao meio ambiente, seja porque reduzirá sensivelmente o descarte de plástico, como porque o público permanecerá, em segurança, nos locais específicos, reduzindo o efeito sonoro na via pública e perante a vizinhança, dando ensejo a uma excepcional harmonia entre moradores, consumidores e os prósperos estabelecimentos. Como disse o professor matemático Toru Kumon, "Vamos tentar. Se não tentarmos, não vamos saber se conseguiremos."

Eduardo Tozzini, advogado