Comércio de rua e o desafio de aliar tradição e modernidade
É impossível trabalhar conceitos como smart cities se não se pensar na saúde do centro das cidades
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sexta-feira, 02 de agosto de 2024
É impossível trabalhar conceitos como smart cities se não se pensar na saúde do centro das cidades
Folha de Londrina
Historicamente, o comércio de rua sempre teve posição de destaque no centro das grandes cidades. Desde os tempos medievais, a praça central das cidades europeias abrigava comerciantes e agricultores que se reuniam para vender seus produtos. Com o tempo, a população começou a ficar cada vez mais urbana, se aglomerando em bairros ao redor do centro comercial
As revoluções mais recentes, no entanto, trazem grandes desafios aos gestores públicos. O conhecido “centro”, único e fervilhante, foi diluído. O modelo de “downtown” deu lugar a vários pequenos centros comerciais em áreas espalhadas pelas médias e grandes cidades. Além disso, os shoppings centers também se consolidaram, seja pela segurança, pela facilidade de acesso e estacionamento.
Outro fator, primordial para se entender a complexidade do perfil de consumo no mundo moderno, é o e-commerce. As pessoas, cada vez mais conectadas, não abrem mão da comodidade de pedir comida, medicamentos, e toda a sorte de encomendas com alguns toques na tela do smartphone.
A história nos mostra que brigar contra a modernidade quase sempre representa um retumbante fracasso. No entanto, toda transformação precisa ser planejada. Se os efeitos colaterais das mudanças urbanísticas forem administrados logo no início, com soluções inovadoras e efetivas, é possível evitar colapsos futuros.
É impossível trabalhar conceitos como smart cities se não se pensar na saúde do centro das cidades. Em Londrina, iniciativas do terceiro setor, de entidades de classe, e dos próprios comerciantes miram resgatar a essência de tradicionais pontos de comércio. Um deles é a Avenida Duque de Caxias. No dia 20 do mês passado, o Dia da Duque colocou holofotes sobre o corredor comercial pioneiro do município.
Nesta edição, a FOLHA traz reportagem sobre o setor de móveis usados, que resiste na avenida e ajuda a contar um pouco da história da cidade. São comerciantes que, apesar das dificuldades, resistem às mudanças, se moldando às mudanças tecnológicas, sem deixar a tradição de lado. Entre eles, a esperança de ver uma Duque revitalizada nunca morre.
O mesmo ocorre com comerciantes do Calçadão da Avenida Paraná. Um projeto está em discussão para a reforma de todo o piso da quadra tombada, em frente ao Teatro Ouro Verde.
Além do centro histórico, outras iniciativas também visam evidenciar a importância de nossos espaços comuns. É o caso da Higienópolis Aberta, marcada para este domingo. Serão diversas atrações com ênfase na caminhabilidade.
Com a proximidade das eleições municipais, a revitalização do centro e fortalecimento do comércio de rua como um todo deve ser uma das prioridades no plano de governo dos postulantes à prefeitura.
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