EDITORIAL - O jornalismo resiste
PUBLICAÇÃO
sábado, 11 de setembro de 2021
Folha de Londrina
“A imprensa é a vista da nação. Sem a vista, mal se vive”. A frase do jurista e jornalista Rui Barbosa, um dos maiores brasileiros de todos os tempos (1849-1923), sintetiza o papel do jornalismo em qualquer nação que preza pela liberdade de seu povo. A verdadeira liberdade, amparada nos preceitos constitucionais, e não o falso conceito tão disseminado atualmente por quem confunde o direito de se expressar com libertinagem a fim de usar as redes sociais para desconstruir narrativas, distorcer fatos e atacar o jornalismo comprometido com a lisura da informação. Virou prática comum a políticos que não suportam prestar contas à sociedade e ver suas práticas ilícitas sendo reveladas com isenção e presteza.
A FOLHA, que desde 1948 é referência na prática do jornalismo a serviço da população londrinense e do Estado, e dois de seus valorosos jornalistas – Guilherme Marconi e Rafael Machado –, vêm sofrendo ataques rasteiros proferidos por um político que teve recentemente o diploma de deputado federal cassado pela Justiça Eleitoral. O mesmo parlamentar que é alvo de processos na Comissão de Ética da Câmara Federal por quebra de decoro e que perdeu seu mandato como vereador na cidade em 2017 por igualmente infringir em práticas condenáveis no exercício de um cargo eletivo.
O jornal e os jornalistas citados passaram a ser vítimas de campanhas difamatórias por parte desse cidadão e seus correligionários no universo paralelo das redes sociais e alvos de processos judiciais porque ousaram revelar ilicitudes cometidas por ele e os demais membros da família que também se elegeram – legitimamente, registre-se - pelo voto popular: a esposa, vereadora em Londrina, e o filho, deputado estadual.
A FOLHA não fez juízo de valor ao revelar com absoluta exclusividade as suspeitas da prática de “rachadinha” nos gabinetes da família e de desvios na entrega de kits esportivos a escolas estaduais de Londrina. A FOLHA fez jornalismo. As denúncias foram apuradas pelo Ministério Público do Estado, que as transformou em ações penais. A Justiça as acatou e determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do parlamentar, seu filho e sua esposa.
Nos materiais que produziu, publicou e compartilhou nas redes sociais difamando a FOLHA e os jornalistas responsáveis pelas reportagens, o ex-deputado recorre a práticas que têm se tornado corriqueiras em sua trajetória política: desconstrói e distorce os fatos e desfere uma infinidade de ofensas aos que considera inimigos. Ao alegar estar sendo vítima de perseguição por parte do jornal, ele confere a si mesmo uma importância que não tem.
A FOLHA não escolhe alvos em suas reportagens, sobretudo em assuntos que envolvem a fiscalização do poder público, mas se dedica aos fatos. E quando entende, com base em conceitos básicos do bom jornalismo, como intensa apuração, incansável checagem da informação e respeito ao amplo espaço do contraditório, que a notícia é de interesse público, publica-a.
É claro que como toda atividade humana, o jornalismo também está sujeito a erros. E a FOLHA tenta, primeiro, evitá-los, e depois, repará-los. Não é o caso das reportagens publicadas sobre a família do político no exercício de cargos públicos, tanto é assim que motivaram a atuação do Poder Judiciário.
Em tempos de ataques às instituições democráticas e tentativas recorrentes de desacreditar o trabalho dos veículos de comunicação comprometidos com a lisura dos fatos, a FOLHA manterá o compromisso de continuar sendo a vista de seu público, como pregou Rui Barbosa sobre a missão da imprensa, sem se deixar intimidar por aqueles que insistem em jogar fora das regras. Tem sido assim há 73 anos.
Obrigado por ler a FOLHA!