A formalização das candidaturas do coronel Nelson Villa e do engenheiro José Roberto Hoffmann aos cargos de prefeito e de vice-prefeito de Londrina começou com uma saia justa entre o PSDB e o Cidadania. Durante a convenção partidária realizada neste sábado (3), o presidente do Cidadania no município, Walmir Mattos, expôs o descontentamento da legenda em relação à composição da federação formada com os tucanos e adiantou que embora respeite a decisão dos diretórios nacionais dos partidos, não apoiará a disputa pelo Executivo.

A união das duas legendas em uma federação frustrou as expectativas do Cidadania, que pretendia lançar candidato próprio a prefeito. “A federação foi uma péssima ideia do diretório nacional e que nós, muitas vezes, aqui embaixo, sofremos as consequências de uma decisão que não foi nossa. Essa forma de fazer política inibiu o debate político. É uma situação enfrentada no Brasil inteiro”, expôs Mattos.

Instituída pelo Congresso Nacional na Reforma Eleitoral de 2021, a reunião de partidos em federações foi idealizada para que as legendas possam atuar de modo unificado em todo o país. Esta será a primeira eleição municipal com a participação das federações partidárias e a iniciativa é vista como um teste para uma eventual fusão ou incorporação de legendas.

A composição das federações permite candidatos e candidatas tanto nas eleições majoritárias, como no caso de prefeito, quanto nas proporcionais, ao Legislativo. Elas funcionam como uma única agremiação partidária e podem apoiar qualquer candidato, mas exige que este apoio se prolongue por todos os quatro anos de mandato.

“A forma como esse modelo político foi desenvolvido no país foi muito ruim. Foi um casamento arranjado sem que as partes estivessem de acordo na sua plenitude”, comparou o presidente do Cidadania. Em razão da preponderância do PSDB no município, conforme o estatuto da federação, os tucanos terão 70% dos direitos a voto e o Cidadania, 30%.

Além de bater o martelo na escolha do candidato a prefeito, o PSDB concorrerá com 13 nomes ao Legislativo e o Cidadania, com sete. Em respeito à cota de representatividade de gênero, a proporção de mulheres na disputa será de 40% no total.

Mattos deixou claro não querer polemizar, mas demonstrou insatisfação com a falta de disposição da federação em acolher as discussões levantadas pelo partido que representa. O Cidadania tinha duas cartas na manga para as eleições municipais. O ex-secretário municipal da Fazenda João Carlos Barbosa Perez e o ex-secretário de Gestão Pública e atual presidente da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Fábio Cavazotti. As discussões em torno do nome de Perez chegaram a avançar e o ex-secretário até se filiou ao Cidadania, mas segundo o presidente municipal do partido, a questão sempre foi tratada com restrições pela federação.

Apesar da discordância, Mattos ressaltou que o Cidadania não criará qualquer tipo de cerceamento ao amplo direito do PSDB de ter seu candidato e que respeitará a candidatura de Villa. “Não há nada pessoal nessa candidatura, acolhemos isso com naturalidade no processo, com o devido respeito que a gente tem pelo processo. Mas o Cidadania vai se abster da participação mais efetiva da campanha”, reforçou.

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Villa aposta na experiência administrativa na PM como diferencial

O candidato a prefeito de Londrina coronel Nelson Villa preferiu não fomentar a polêmica levantada pelo Cidadania em torno da composição da federação e afirmou que eventuais descontentamentos e divergências não o afetam e que espera contar com a colaboração de todos. “É um processo. É por isso que existe a convenção e temos que respeitar a opinião de todos. Fico feliz com a forma transparente com a qual se desenvolveu o processo a partir de agora. Somos um time só e temos que trabalhar pelo desenvolvimento da cidade de Londrina”, declarou.

Villa, que foi comandante do 5° BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Londrina, terá ao seu lado na caminhada rumo à prefeitura o engenheiro civil, ex-professor da faculdade de engenharia civil da UEL (Universidade Estadual de Londrina), ex-presidente do Sinduscon Norte Paraná (Sindicato da Construção Civil do Norte do Paraná) e ex-presidente da Cohab-LD (Companhia de Habitação de Londrina) na gestão do prefeito Alexandre Kireeff (2013-2016), José Roberto Hoffmann.

Sem o apoio de lideranças políticas que se encontram à frente da administração pública, o coronel avalia que larga na disputa em desvantagem econômica e com menos tempo garantido na propaganda eleitoral gratuita, mas por outro lado entende que essa falta de apoio será uma vantagem nas condições de governabilidade, caso seja eleito.

“Temos a possibilidade de comprometer menos ou de não comprometer o governo de maneira a colocar em funções técnicas pessoas que efetivamente são técnicas e que possam desenvolver um excelente trabalho para a cidade e quem ganha com isso são os cidadãos londrinenses”, disse o candidato. “Mas é fato que depois de assumirmos o eventual governo da cidade, teremos uma visão bastante flexível porque, além de técnica, a situação do prefeito é extremamente política”, emendou, ressaltando que fará um governo pautado no diálogo, com independência ideológica e partidária.

Como seu maior trunfo na campanha, o coronel destacou os anos em que esteve no comando do 5° BPM, que lhe garantiram “experiência administrativa”. “O prefeito da cidade exerce uma função eminentemente administrativa, ou seja, tem que ter coragem de adotar decisões mesmo quando elas sejam as mais polêmicas. O meu histórico de trabalho demonstra muita coletividade e que os objetivos aos quais me propus, sempre foram alcançados.”

Tendo a segurança pública como uma de suas principais propostas de campanha, Villa aposta na experiência profissional dentro da Polícia Militar, mas reconhece que esse é um grande desafio. “Não existem soluções simples para problemas complexos e administrar uma cidade como Londrina é algo muito complexo, então você tem que ter uma capacidade administrativa, uma capacidade de ouvir as pessoas e de formular uma síntese muito apurada. Tenho certeza de que a minha experiência ao longo da polícia me ensinou isso.”

“Vou colocar a minha experiência inteiramente à disposição da candidatura do coronel Villa à prefeitura. A situação não é fácil, vai ser uma eleição difícil, mas temos um time de elite e um time de elite vale mais do que um monte de gente que só tem interesses que não aqueles da democracia”, completou Hoffmann.

Formalizadas as candidaturas na convenção, o próximo passo, segundo o presidente do PSDB em Londrina, Gustavo Richa, é registrar os nomes que participarão na disputa junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e entregar as documentações necessárias antes de começar a campanha por votos, o que deve acontecer após o dia 15 de agosto. Nos próximos dias, deverá acontecer também o lançamento oficial da candidatura.