O primeiro dia da campanha eleitoral foi tímido em Londrina - pelo menos no que diz respeito à campanha de rua. A FOLHA circulou pelo Calçadão da avenida Paraná e entorno na tarde desta sexta-feira (16) e não encontrou bandeiras ou santinhos de candidatos sendo distribuídos - a única exceção foi um candidato a vereador atendendo ao público.

Por outro lado, nas redes sociais os prefeituráveis começaram efetivamente sua campanha. Os sete - Tiago Amaral (PSD), Professora Maria Tereza (PP), Barbosa Neto (PDT), Tercilio Turini (MDB), Coronel Villa (PSDB), Isabel Diniz (PT) e Diego Garcia (Republicanos) - iniciaram a publicação de suas peças na internet.

Candidaturas ouvidas pela reportagem sinalizaram que houve atraso na emissão do CNPJ, o que causou a demora para a contratação dos serviços. Mas, a tendência é que neste final de semana e nos próximos dias a presença de materiais impressos dos candidatos nas ruas da cidade comece a ficar mais evidente.

"OLHO NO OLHO"

A FOLHA conversou com eleitores que passaram pelo Calçadão nesta sexta-feira. As preferências são diversas: há quem queira ver, efetivamente, campanha na rua; há quem opte por acompanhar o horário eleitoral em televisão e rádio; e quem fique de olho na internet.

O aposentado Joaquim Márcio, 69, acredita que os candidatos precisam ir às ruas e conversar com os londrinenses. “Eu acho que tem que ser assim, principalmente o prefeito, nós temos que saber quem vai ser o prefeito da nossa querida Londrina, porque a nossa Londrina está acabada”, afirma. “Eu acho que é olho no olho.”

Imagem ilustrativa da imagem Com início tímido, campanha de rua deve crescer nos próximos dias
| Foto: Douglas Kuspiosz

Já a designer Yasmin Brito, 27, acha mais interessante acompanhar pelas redes sociais, principalmente o X (antigo Twitter). “Para mim é mais internet, sites, e acho que na rua também”, diz.

O aposentado Juracir Mendes, 57, entende que é importante “a gente abordar alguns aqui no Calçadão”, mas ressalta que, como está sempre conectado, vê nas redes sociais uma boa opção para conhecer os candidatos. Para ele, os santinhos estão ultrapassados.

“Ninguém perde mais tempo com isso, não. E a gente fica mais conectado no celular do que em televisão e rádio, então o melhor meio realmente é nas redes sociais”, acrescenta.

ANÁLISE

O analista político e professor de Ética e Filosofia Política Elve Cenci avalia que os candidatos devem apostar em estratégias para as redes sociais.

“É a forma de acesso a mais pessoas. Você consegue acessar um número bem maior de pessoas que o panfleto, que tem que ser entregue pessoalmente, que pode ser direcionado para o eleitor errado”, explica.

Cenci afirma que os partidos têm apostado na internet como reflexo dos últimos embates presidenciais, em que o desempenho digital foi determinante - vide a eleição presidencial de 2018, quando a campanha de Geraldo Alckmin, que tinha o domínio do tempo no rádio e na televisão, foi superada pela do ex-presidente Jair Bolsonaro, que apostou nas redes sociais.

“As redes sociais acabaram ganhando protagonismo inimaginável em outras épocas. Antes elas eram coadjuvantes do processo, agora ocupam um espaço primordial”, diz o analista.

Apesar disso, Cenci ressalta que o contato pessoal e a necessidade de “gastar a sola do sapato” para ser eleito não desapareceram.

“Muita sola de sapato, visita aos comerciantes, caminhadas e visitas aos eleitores e lugares estratégicos. Todas essas estratégias clássicas de campanha continuam valendo em uma eleição municipal. Mas hoje temos um protagonista maior que é a rede social”, pontua.

"CALMARIA"

O advogado e cientista político Marcelos Fagundes Curti afirma que o primeiro dia da campanha oficial “foi marcado por uma aparente calmaria dos principais candidatos à Prefeitura de Londrina”.

“A calmaria é apenas aparente dado que, nos bastidores, as equipes dos candidatos devem estar trabalhando a todo vapor para traçar as melhores estratégias a fim de alcançar o objetivo previsto, qual seja: a vaga de prefeito”, afirma Curti, que lembra que a campanha neste ano tem tempo reduzido e que “cada minuto conta”.

“Nas grandes cidades, como é o caso de Londrina, o marketing eleitoral digital veiculado nas redes sociais é imprescindível, e a maioria dos candidatos vem fazendo um bom uso dessa ferramenta, razão pela qual ainda não temos visto muita movimentação no ambiente das ruas”, acrescenta.

O cientista político também ressalta que os candidatos ainda estão avaliando as novas regras sobre campanha previstas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que qualquer decisão equivocada, neste momento, pode acarretar em cassação do registro ou do diploma.

“Outra questão que influencia muito nesse momento de início de campanha diz respeito ao comportamento do eleitor. A maioria do eleitorado deixa para fazer sua escolha nas últimas semanas que antecedem o pleito eleitoral. Ciente desse comportamento, os candidatos também se organizam e deixam para intensificar a disputa na fase final da campanha”, completa.