Seis candidatos à Prefeitura de Londrina protagonizaram um debate movimentado na noite de quarta-feira (28). O evento foi organizado pela Alumni UEL (Associação dos Ex-Alunos da UEL) e realizado no Anfiteatro Maior do CLCH (Centro de Letras e Ciências Humanas). O candidato Tiago Amaral (PSD) foi o único ausente.

Foram três blocos com perguntas elaboradas por membros da Alumni, do público presente e dos próprios prefeituráveis, que puderam se enfrentar diretamente.

O analista político e professor de Ética e Filosofia Política da UEL, Elve Cenci, acredita que o debate na UEL foi melhor que o primeiro na TV aberta, realizado no dia 8 pela Band/Tarobá, que foi marcado por uma postura tímida dos candidatos. Entre um bate-boca e uma grande participação da plateia, que vaiou e aplaudiu, foi possível, de fato, colocar demandas de Londrina em pauta.

“Finalmente, começaram a discutir o papel da GM, que é muito importante, afinal de contas a guarda não é polícia. Outro ponto que mereceu destaque, graças também ao formato do debate e às perguntas que foram feitas, foi o enfraquecimento da cultura e da diminuição drástica do orçamento da pasta da Cultura nos últimos anos”, afirma Cenci, que lembra que a UEL foi tema frequente.

A fragilidade da indústria na cidade e o aumento da população em situação de rua foram assuntos tratados pelos candidatos. Na saúde, Cenci acredita que as ideias são “pé no chão”, como a valorização de servidores, resgate programas como a Saúde da Família e construção e estruturação de unidades de saúde.

O desafio da moradia popular foi pautado pelo debate, com o grande número de ocupações irregulares espalhadas por Londrina. A igualdade racial e direitos da população LGBTQIA+ também foram assuntos discutidos.

"Um tema que apareceu para debate, mas que não prosperou muito, foi a questão das políticas de combate ao feminicídio. É um tema que fica devendo aí para os próximos debates”, acredita Cenci.

TIAGO CULPA ‘ESQUERDISMO’

Em nota divulgada durante o debate, Tiago Amaral citou os preparativos para a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro, no sábado (31), e o suposto posicionamento ideológico dos organizadores do debate como justificativas para a ausência.

“[...] sabe-se que os responsáveis pelo debate têm vínculos políticos com a esquerda e que, obviamente, o debate vai ter o mesmo viés – contrariando o papel que a universidade desempenha na promoção da pluralidade de ideias, essencial para uma Londrina melhor para todas as pessoas”, diz Amaral. “Além disso, há uma evidente indisposição dos organizadores em relação à vinda de Bolsonaro para o lançamento da campanha.”

ALUMNI REBATE

A Alumni UEL divulgou nota rechaçando a “rotulação pejorativa” que o candidato tentou imputar. Além disso, ressaltou que a associação e a UEL são instituições democráticas e plurais, e que o debate tem sido "gestado" desde o início do ano.

“Vale reforçar que o candidato não se dignou a conhecer as regras do debate, escolha feita ao não enviar nenhum representante na reunião dedicada a isso na semana passada, que foi convocada com bastante antecedência. Ao longo de todo o processo, a Alumni UEL atuou com grande transparência e esteve aberta ao diálogo próximo e se colocou disposta a eliminar qualquer ruído que pudesse prejudicar o que nos propusemos a entregar nesse debate”, afirma a nota.